Café com Anime - Mahoutsukai no Yome Episódio 9


Que hora é agora? É hora da Nona Edição do Café com Anime! Eu, Gato de Ulthar, juntamente com o Diego do É Só Um Desenho, o Vinicius do Finisgeekis e Fábio "Mexicano" do  Anime21 batemos um papo super bacana sobre o nono episódio de Mahoutsukai no Yome. Tivemos um episódio um tanto mais introspectivo, com Chise descobrindo que há outras formas de amor.

Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. Se você tem interesse em entender melhor o projeto, recomendo que leia a postagem introdutória da inciativa: 

Café com Anime - Uma nova iniciativa do Dissidência Pop para esta temporada de Outono de 2017

O Dissidência Pop ficou responsável por publicar nossas conversas sobre o anime Mahoutsukai no Yome, enquanto o É Só Um Desenho ficou responsável por Kino no Tabi: The Beautiful World. Já o Finisgeekis publicará nossa conversa sobre Girl’s Last Tour. E no Anime21, temos as discussões sobre Children of The Whale e Animegataris.


Também é possível acompanhar o Café com Anime e as conversas publicadas por aqui: Análises Semanais - Café com Anime, onde há um menu para acessar todos os episódios analisados, a medida quem forem lançados.



Gato de Ulthar-

Mais um episódio de Mahoutsukai no Yome. Um bom episódio? Na minha opinião sim. Foi um episódio mais calmo para dar uma tranquilizada depois das confusões do episódio passado.
Nele tivemos um pouco mais do cotidiano da nova vida familiar de Chise e amigos. Além disso, tivemos elementos que ajudaram a aprofundar o que conhecemos de Chise e Elias e seus dramas interiores. Além de novos personagens interessantes, como a vampira peituda apaixonada o velho escritor.
E fico feliz em saber que magos também precisam pegar ônibus. Gente como a gente.
E queria muito provar estes queijos deliciosos:
Parecem até reais ^^

Vinicius Marino-

Tome cuidado com o que pede. Dizem que o Stilton, bem tradicional da Inglaterra, é fedido para caramba :stuck_out_tongue_closed_eyes:

Fábio "Mexicano"-

Sobre "gente como a gente", eu pausei o anime para verificar se as notas eram mesmo de libras esterlinas. São sim :stuck_out_tongue: Eu sei, eu me deixo levar por detalhes ridículos :stuck_out_tongue:
Mas worldbuilding a parte, o que realmente foi o tema do episódio foi amor, não é? Mais especificamente, o que é amor? A Chise está desenvolvendo sentimentos pelo Elias, afinal. E ele, ao seu modo, também talvez esteja desenvolvendo por ela, mas não é o foco e acho que não importa por enquanto. O episódio deu duas perspectivas: segundo Ruth, o cachorro, amor é se preocupar e proteger. Segundo Redcurrant (eu olhei o nome dela no MAL, desculpa qualquer coisa), a vampira, amar é dar algo e receber outra coisa em troca.
Ignorando que o "dar e receber" vampírico envolve sugar o sangue e possivelmente matar, em teoria ele soa mais saudável :stuck_out_tongue: Já o cão, como não poderia deixar de ser, acredita em um amor mais platônico. Ironicamente, apesar da vampira negar, o amor que ela cultiva, o amor possível para ela, é o amor platônico também. Será isso uma sentença da própria autora sobre qual é a resposta? De todo modo, por enquanto, a Chise precisa encontrar a sua própria resposta, para o seu amor.

Diego-

De minha parte, gostei do episódio. Em particular, eu gostei de como o episódio tocou justamente na dependência da Chise pelo Elias, e como a própria entende muito bem que isso não é saudável para nenhum dos dois. É um comportamento compreensível, dado que o Elias foi o primeiro a dizer que a Chise poderia depender dele, mas no fim a Chise precisa encontrar um bom balanço entre confiar em si mesma e depender daqueles ao seu redor - incluindo ai outros além do Elias.

Vinicius Marino-

Uma curiosidade sobre a “vampira” do episódio. Segundo o Ruth, ela é um tipo de fada chamada leannán sídhe. Esta é uma figura típica da mitologia irlandesa, que basicamente consiste em uma fada que se apaixona por um mortal – com consequências, muitas vezes, terríveis.
Um dos exemplos mais famosos do folclore é o da Niamh. Segundo a lenda, ela se apaixonou por Óisín, membro dos fenianos, uma espécie de “Távola Redonda” da mitologia irlandesa. Ela o levou para morar com ela em Tir na nÓg, a terra da juventude. Porém, um dia Óisín sentiu saudades de casa, e ao retornar descobriu que seu mundo não existia mais. O tempo passa de forma diferente no mundo dos homens e das fadas. O que para ele pareceram alguns anos foram, na verdade, séculos.

Fábio "Mexicano"-

E Ulisses achando que tinha passado por apuro...
Ou aquele japonês da tartaruga... esse tipo de mito é meio universal, né?

Vinicius Marino-

Acredito que sim.
Outra curiosidade: o sufixo sídhe (pronunciado shí) é o nome irlandês para aquelas construções pré-históricas das ilhas britânicas. Para os antigos irlandeses, estas estruturas haviam sido construídas pelos deuses antes da era dos humanos. Muitas das aparições "sobrenaturais" eram associadas a estes locais, e a palavra aparece no nome de várias criaturas. É daí, por exemplo, que vem a banshee (ban sídhe), outra criatura famosa dessa mitologia.(editado)

Fábio "Mexicano"-

Coisas tipo Stonehenge?

Vinicius Marino-

Geralmente, são associados a cairns, esses morros artificiais cobertos por cascalho
Ou o que os arqueólogos chamam de tumulus: um morro com uma câmara subterrânea

Fábio "Mexicano"-

Nem sabia que esses existiam =x Só sabia que tem outras ruínas paleolíticas (acho?) de pedras estilo o Stonehenge, ele só é o mais famoso (e maior?)
E conheço também as casas negras, mas essas são muito mais recentes

Vinicius Marino

Há uma penca de lugares assim nas ilhas britânicas. Em boa parte, eles acabaram revestidos de importância política. Isso interessava aos antigos reis, que geralmente traçavam suas linhagens a deuses específicos do panteão. Curiosamente, foi uma tradição que sobreviveu (em forma, se não em conteúdo) na era cristã. Até a Idade Moderna, quando o sistema de clã foi abolido, os reis irlandeses eram inaugurados em cima de cairns, onde "casavam-se" ritualmente com uma deusa do local.
A Redcurrant deu azar. Em outra época, poderia ter faturado um rei :joy:

Fábio "Mexicano"-

Ela parecia feliz o bastante com seu escritor que nunca se esforçou de verdade por nada na vida :heart:

Gato de Ulthar-

Muito bacana os apontamentos históricos do Vinicius. E falando um pouco sobre mitologia comparada, há uma lenda japonesa que é basicamente igual a da Niamh e do Óisín, que é o caso da Oto-hime, a princesa-deusa dos mares, que se relacionou com um pescador e o levou para morar em seu palácio subaquático. Entretanto, quando o pescador sentiu saudades de casa e resolveu voltar para a superfície, séculos haviam se passado, visto a diferença da passagem do tempo entre os dois reinos.

Vinicius Marino-

É parecida mesmo, considerando que a Niamh é filha de Mannanán Mac Lir, deus dos mares! Talvez consequência de ambos os povos viverem em ilhas, cercadas pelas águas? rs

Gato de Ulthar-

Verdade. Não sei se este é um mito comum em povos com afinidade com o mar, mas serve para a gente pensar em como os mitos se formaram nos primórdios da humanidade. Já li algo a respeito sobre a dispersão de certos elementos folclóricos comuns em sociedades aparentemente sem contato, através de ondas migratórias indiretas. Por exemplo, povos caucasianos que se dispersaram na região da Ásia Central até a Europa Ocidental tiveram contatos com outros povos que seguiram uma direção oposta, até o extremo oriente, sendo bastante provável que por intercâmbio cultural ou novas ondas migratórias tenham chegado até ilhas, como o Japão. O mangá Folklore Studies of Professor Munakata é uma obra prima sobre o tema, apresentando casos bem peculiares, como certo ritos fúnebres muito semelhantes entre povos arcaicos japoneses e tribos da Mesopotâmia, ou ainda, a inserção de ovelhas no Japão e seu consequente uso em rituais de previsão do futuro por povos de origem persa.

Diego-

Eu imagino que a conexão dessas histórias com o mar é até que bem simples: é fácil imaginar navegadores que partem em uma viagem qualquer e retornam anos depois, algumas vezes talvez para cenários bem diferentes de quando partiram (sobretudo em épocas de conflitos constantes). Nesse sentido, esses mitos devem representar bem o medo constante de que talvez quando você voltar as coisas já estarão irreconhecíveis...

Fábio "Mexicano"-

Me parecem mais com alertas: volte logo, não fique de gandaia do outro lado do mar, mata os inimigo tudo e volta antes de anoitecer, ou então tudo que você conhece terá mudado. Talvez seja um pouco de cada.

Gato de Ulthar-

Mudando de assunto, vamos conversar um pouco sobre o alerta que a Angelica fez para a Chise, de que ela deveria ser mais independente, não ficando presa emocionalmente e materialmente ao Elias. O curioso é que a Chise é uma menina inteligente, ela sabe que isso não é a postura mais correta para se adotar, mas mesmo assim não consegue se desvencilhar da devoção que nutre pelo Elias. E outra coisa, será que foi o Elias que mandou a Angelica aparecer ali só para distrair a Chise enquanto ele tentava voltar a dominar sua forma um tanto mais humana?

Vinicius Marino-

A "independência" da Chise é assunto de um artigo que estou tentando publicar desde segunda - malogradamente, em razão de uma manutenção demorada no meu blog. Já que está demorando para sair, posso bem começar a falar disso aqui rs. Eu acredito que a Chise, em alguma medida, está pendendo ao caminho de menor resistência. É bem conveniente para ela se manter como a "estranha na terra de estranhos" e ter tudo mais ou menos decidido por ela. O próximo passo do seu crescimento demandará mais de sua pessoa. E não acho, como a Angélica o faz tampouco, que ela está pronta para ele.
Sobre o aparecimento da Angélica, acho que não podemos excluir a possibilidade disso ter acontecido antes. Talvez tanto a Angélica quanto a Silver (a fada governanta) já estejam de sobreaviso para lidar com crises desse tipo.

Diego-

Não tenho muito o que adicionar no tema, de fato o ponto do episódio foi justamente que a Chise está dependendo demais do Elias. Faz sentido para a personagem, sendo ele o primeiro a aceitá-la, mas também é prejudicial a ela, que no momento precisa muito mais encontrar a própria autoestima do que realmente depender de alguém. Já sobre a Angelica, acho bem difícil que o Elias tenha planejado isso, sinceramente.

Fábio "Mexicano"-

É curioso como nesse episódio, em uma mesma cena, em um mesmo diálogo, a Angelica disse para a Chise 1) Depender mais dos outros (confiar e se abrir para os outros) e 2) Não depender tanto dos outros (não viver à sombra do Elias). Para mim, a questão da "independência" da Chise é a mesma desde o começo do anime - ela se vendeu para a escravidão, afinal. Ao mesmo tempo problemático, fetichista, mas o foco do desenvolvimento da personagem no médio e longo prazo. Gosto de vê-la capaz de tomar boas decisões sozinha.

Gato de Ulthar-

Bem, este foi um episódio peculiar, com mais exposição do que ação, onde Chise se deparou com várias formas de amor, e demonstrou mais uma vez o quanto está presa emocionalmente ao apoio dado por Elias. Ele seria a sua "muleta" por assim dizer. Mas como a própria heroína bem disse que isso não era certo, tomara que vejamos mudanças e aperfeiçoamento nesta relação curiosa entre mago e aprendiz. Assim, fica por aqui este Café com Anime e até uma próxima.

Gato de Ulthar-

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