Café com Anime - Mahoutsukai no Yome Episódio 14


Bem vindos a mais um Café com Anime, estamos apresentando nosso bate-papo sobre o episódio 14 de Mahoutsukai no Yome! A única coisa que adianto desta conversa é que tivemos o momento mais lindo, emocionalmente falando, do anime até agora! 

Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. Se você tem interesse em entender melhor o projeto, recomendo que leia a postagem introdutória da inciativa: 

Café com Anime - Uma nova iniciativa do Dissidência Pop para esta temporada de Outono de 2017


Também é possível acompanhar o Café com Anime e as conversas publicadas por aqui: Análises Semanais - Café com Anime, onde há um menu para acessar todos os episódios analisados, a medida quem forem lançados. Lembrando que o Dissidência Pop também está hospedando nossas conversas sobre o anime Junji Ito: Collection.


Gato de Ulthar-

Que episódio! Acho que sem sombra de dúvidas, este foi o momento do anime que demonstrou de forma mais intensa as várias emoções conflitantes dos personagens. O caso do Olhos de Cinzas se mostrou mais simples e rápido do que aparentava ser. O mais importante foi mesmo o sentimento dos personagens envolvidos neste episódio.Tivemos a Chise se esforçando de uma maneira fora do comum para ajudar as pessoas (e fadas) que gosta, o Elias despejando palavras duras e ásperas, embora reais, demonstrando sua falta de capacidade de entender os humanos. E o principal, o belíssimo e trágico desfecho do relacionamento entre o Joel e a Leánann Sidhe. Também não posso esquecer do desfecho intrigante do episódio, com Chise pagando preço dos seus atos. Não vou ficar me estendendo muito, já quero a opinião de vocês!
Deixo uma imagem que ilustra bem os sentimentos envolvidos neste episódio.

Fábio "Mexicano"-

Episódio muito bom, sem dúvidas, mas por causa de sua história central, não do começo ou do fim. Depois de tanto tempo, eu já havia me esquecido de como esse anime tem o costume de fazer cliffhangers que depois se revelam nada demais. Bom, suponho que aquela capa de lobisomem possa vir a ser útil no futuro. Mas a Chise está "morrendo". Em um cliffhanger. No meio do anime. Sou consciente demais das regras da ficção para me comover com isso, infelizmente.
Mas querem uma curiosidade? O sangue que a Chise vomitou é abdominal. Sangue que vêm dos pulmões é vermelho vivo e tem bolhas de ar. Quero dizer, nah, lógico, isso é anime. Mas se fosse na vida real, aquele sangue escuro não seria sangue pulmonar, o que é menos pior, mas naquela quantidade continua sendo uma emergência médica com risco de vida. Se fosse sangue pulmonar, naquele volume, ela já estaria praticamente morta. Em segundos faltaria oxigênio no cérebro, isso supondo que o coração não estivesse danificado também - quero dizer, se o pulmão está tão ferido, essa é uma preocupação razoável, não é?

Vinicius Marino-

Acho que esse foi o primeiro episódio em que as escolhas da adaptação prejudicaram minha suspensão de descrença. Não me levem a mal, a história continua ótima - quando ela tem oportunidade de aparecer. Mas os cortes, o ordenamento das cenas e as mudanças tonais são um balde de água fria. O episódio me pareceu uma montanha-russa, no mal sentido: uma hora estávamos no super conflito da Chise raposa. No outro, em uma daquelas esquetes chibi que só o diretor acha graça. Piscamos por um segundo e veja lá! A Leannán Sídhe está de volta! Mas não se preocupe, pois Oberon também faz a sua palhinha, e com ele outro "ferimento mortal" na nossa querida Chise. Com esse são quantos? Dois? Três?

Fábio "Mexicano"-

Eu gostei do episódio só por causa da história da vampira lá. O resto foi curto e pouco relevante (na minha opinião, por enquanto) no começo e no final.
Como eu disse de outra forma, já estou calejado com os cliffhangers de Mahou Tsukai no Yome. O do episódio anterior não deu nada nesse (ela só ganhou um item mágico novo), e o do final ... ela vai viver, a gente sabe disso. Vai aprender mais alguma coisa, talvez ganhe mais algum item, e é isso. Fiquei mais frustrado foi com o anel, ele nunca pareceu fazer nada, ela perdeu o anel no final do episódio anterior, recuperou nesse, e no final quebrou. Se você tirar o anel do anime, ele poderia muito bem nunca ter existido e tudo funcionaria igual.

Gato de Ulthar-

É realmente um problema sério essas reviravoltas em Mahoutsukai. Concordo plenamente com vocês, enquanto o causo da vampira ficou bem bacana, o resto foi em até medida prejudicial ao andamento da história. Claro que faz sentido ela ser punida por fazer a pomada de fadas e entregá-la para ser usada em um humano, já que no próprio livro dizia que isso era um tabu passível de punição, então essa parte até que poderia muito bem continuar. Só não quero que isso vire algo banal no próximo episódio.
O que ficou mais esquisito mesmo foi a questão da transformação em raposa. Aquilo começou e terminou tão rápido que foi impossível criar qualquer forma de interesse ou empatia. Só o que foi legal naquilo tudo foi ver todo mundo como animal, até mesmo o Elias.
E sim, o anel, não quero nem comentar. Qual o motivo de inserir um item que não é utilizado e depois é destruído de forma banal? A única solução passível de aceitação seria que ela acabasse "liberando" muito poder e sendo prejudicada justamente por não possuir mais o anel. Mas mesmo assim é um motivo um tanto inútil para precisar enfatizar desta forma.

Fábio "Mexicano"-

Foi o que eu entendi pelo menos, ela usou magia demais criando a pomada e aí o anel não aguentou mais. Mas não é como se eu tivesse visto o anel "aguentar" nada até então.

Gato de Ulthar-

É por aí mesmo. Se ele não existisse não faria diferença.

Diego-

A esquete da raposa foi o pior do episódio, de fato. Dos comentários que eu li, parece que ela foi severamente encurtada. É capaz que o diretor quisesse mesmo é cortá-la de tudo, mas como parece que aquela pele volta a exercer algum papel no mangá ele precisava mostrar como a Chise a conseguiu. O melhor do episódio foi mesmo a esquete com a vampira/succubus lá (cujo nome eu realmente não vou saber escrever :stuck_out_tongue: ), e acho que foi a parte mais tocante do anime até aqui, francamente falando. Diferente de vocês, eu gostei do final. Claro, a Chise não vai morrer, isso é óbvio, mas ainda achei a cena impactante. Dito isso, vou achar bem "meh" se o motivo for algum tipo de punição cósmica por ter usado aquela pomada em um humano. Espero que tenha só sido a Chise usando mais magiado que o corpo dela podia aguentar (ah, e sim, aquele anel serviu pra nada).

Gato de Ulthar-

Eu gostei do final também, o meu medo é como vão dar sequência a isso, pois é comum Mahoutsukai não corresponder às expectativas levantadas por um cliffhanger.
Pelo que deu a entender da prévia, a Chise sofreu ou sofrerá uma punição por ter utilizada a pomada em um humano. O que faz muito sentido, levando em conta a dica dada pelo livro no episódio passado, onde há expressamente a proibição de utilizar aquilo em humanos. O próprio Elias disse que aquilo era proibido, mas deixou a Chise fazer mesmo assim. E nem adianta fazer escondido pelo visto, já que o "cheiro" da magia denunciou a prática, que acabou chegando nos ouvidos do Oberon.

Vinicius Marino-

Agora, deixem-me trazer um tópico. Na discussão do cour passado, tivemos altos bate-bocas sobre a natureza da relação entre a Chise e o Elias. O Fábio, em particular, ficou preocupado com a subserviência dela e a ética de toda a coisa. Agora, com a Redcurrant, nós tivemos o retrato de uma situação um tanto diferente, mas que também envolve seres mágicos com laços complicados com mortais.

Vinicius Marino-

Alguma coisa na postura dela (ou de sua "presa", o Joel) incomodou vocês especificamente? Ao contrário do próprio Joel, que parece ter na vampira uma dádiva, testemunhei reações um tanto mistas quanto às consequências morais dessa historinha.

Fábio "Mexicano"-

Não gosto da ideia de "esperar para sempre". Mas isso é um conceito típico do amor romântico e isso seria complicado discutir aqui.
Mas note que esse é o ponto de chegada desse relacionamento, enquanto o problema maior no relacionamento principal está logo em sua origem.

Fábio "Mexicano"-

Aliás, a próxima vez que for jogar RPG (espero que haja uma próxima vez), espero que seja D&D, para eu criar um bardo assombrado por uma Leánan Sidhe

Gato de Ulthar-

É um elemento recorrente na ficção aquela espécie de amor onde um dos amantes acaba se contentando apenas com a companhia do outro, já que ver a pessoa amada feliz bastaria. Mas nesse caso as coisas são mais complicadas, eles realmente não podiam ficar juntos de maneira normal, já que isso implicaria em sugar ainda mais rápido a vida do Joel. Além disso, é complicado para a Redcurrent simplesmente aceitar que ama o Joel, afinal de contas ela nem é humana, e sua ''razão de vida'' é se alimentar da vida dos humanos. Bem como, creio que ela seja imortal, ou tenha uma expectativa de vida sobre-humana, não sendo uma ''vida humana'' um tempo demasiadamente grande pra ela. De qualquer forma, vejo o amor dela como sincero e sua atitude condizente com o contexto.
Em relação ao Joel, ele também não perdeu nada com esse relacionamento singular. O efeito da companhia com a Redcurrent só foi se manifestar na velhice! Além disso, como ele mesmo disse, ela foi uma presença que lhe deu forças para seguir em frente depois da morte da esposa. E pelo que ele mesmo falou, ele tinha consciência da existência dela, mesmo que que não pudesse ver ela. O momento final, quando ambos puderam se olhar, foi o ''fim'' ideal para o Joel.
Só o que me incomodou nela, bem como na Rainha das Fadas, foi os peitões de gelatina exagerados.

Fábio "Mexicano"-

Ela disse em sua primeira aparição que não "amava" o Joel, justamente porque para uma fada como ela o conceito de "amor" é diferente. Mas, como já era perceptível desde lá, é lógico que ela amava sim - mas amava ao modo humano, ou mais especificamente, ao modo humano romantizado. É uma personagem muito bonita e toda a humanização pela qual ela passa, que inclui a negação do modo de sentir feérico, faz dela e de seu amor uma representação de um ideal humano. Ela e seus sentimentos foram humanizados para que sejam consumidos e inspirem seres bastante humanos do lado de cá da quarta parede.

Vinicius Marino-

Não sei quanto aos peitos de gelatina. Porém, para suas "próximas conquistas", a Redcurrant bem que podia escolher alguém que lhe comprasse um biquíni do seu tamanho.

Diego-

Sobre o relacionamento entre os dois, eu honestamente não tenho nada a dizer. Era um relacionamento impossível desde o início, e pra ambos foi meio que um "foi bom enquanto durou". Não acho que existam paralelos a se traçar na relação com a Chise e o Elias, que tem um início bem mais complicado - como o Fábio apontou rs.
Mas vou dizer que as roupas e peitos de gelatina de algumas personagens em Mahoutsukai me incomodam um pouquinho. Nessa personagem ainda nem tanto, mas até agora não engoli como a cena de introdução da rainha das fadas teve a sua imponência cortada pela metade pelo foco da câmera nos peitões de gelatina.

Fábio "Mexicano"-

Suponho que até seria possível, ao menos para a fada, ter um relacionamento mais "realizado" sim, em seus próprios termos. Mas isso implicaria matar o Joel mais rápido. E de todo modo parece que envolvia a vontade dele também, ele precisava querer ser escritor, mas ele não queria mais do que ele já fazia.

Gato de Ulthar-

Mudando um pouco de assunto. Um elemento que gostei bastante neste episódio foi a Chise se esforçando para fazer o feitiço da Pomada das Fadas. Não só por demonstrar o seu empenho em ajudar os amigos, mas também pelo conteúdo folclórico. A procura pelos ingredientes, a recitação de palavras mágicas, etc. Quem estava sentindo falta de "magia" não tem do que reclamar.
Eu gostei especialmente do feitiço que ela usou para abrir a fechadura da casa do Joel, da maneira como ela conversou e "convenceu" a tranca a se abrir.

Vinicius Marino-

A parte da tranca foi o feitiço de que mais gostei. Ele mostra bem o caráter "natural" da magia em Mahoutsukai. É como se a própria fechadura, a despeito de ser um objeto criado pelo homem, fosse também uma criatura, parte da "teia da vida".
Ele me lembrou do conceito xintoísta dos Tsukomogami, ( https://en.wikipedia.org/wiki/Tsukumogami), kamis de objetos do cotidiano. Geralmente, associamos espíritos mágicos a objetos naturais (árvores, montanhas, rios). Mas é interessante notar que, em certos folclores, até as coisas "humanas" podem se tornar animadas.
E agora provavelmente estou viajando na maionese, mas lembrei-me dos episódios finais de Showa Genroku Rakugo Shinjuu. Quando Yakumo morre e vai para o limbo, encontra o antigo teatro de rakugo que acabara de queimar. É como se o prédio tivesse "morrido" e "reaparecido" no mundo inferior!

Gato de Ulthar-

Falando sobre Tsukomagami, me lembrei de um curta muito bom sobre o assunto, Tsukumo (Possessions), que inclusive concorreu a melhor curta de animação no Óscar de 2013, e que faz parte da antologia Short Peace. Recomendo bastante.
Eu gosto bastante desta espiritualidade do cotidiano, onde cada coisa, por menor que seja, possui algum aspecto sobrenatural ou místico. Me lembra também o mangá Witches, de Daisuke Igarashi, que mostra um pouco desta magia latente presente em todas as coisas.

Gato de Ulthar-

No mais, acho que este foi um bom episódio. Infelizmente o "cliffhanger" do episódio passado se mostrou broxante, como é de costume em Mahoutsukai, mas o anime se mostrou consistente e tocante em seu desenrolar. Joel e Redcurrent, sempre nos lembraremos de vocês! Estou ansioso para ver qual a punição que a Chise sofrerá por ter quebrado um tabu!

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