Serial Experiments Lain's artbook - Nightmare of Fabrication
Bem, primeiramente devo dar uma informação relevante, a cada mês apresentarei um art book diferente, recebi várias sugestões de leitores e espero atendê-las no limite das possibilidades e propostas do blog, hoje, trarei algo de Yoshitoshi Abe, de sua obra mais icônica, Serial Experiments Lain, prescisamente seu respectivo artbook chamado "An Omnipresence in Wired" que vem com um brinde incluso bastante interessante, uma pequena one-shot chamada "Nightmare of Fabrication". Creio que qualquer um que se considere fã ou que ao menos tenha gostado de Serial Experiments Lain já leu este pequeno complemento da trama, mas se não, aqui todos terão a oportunidade para conhecer.
Serial Experiments Lain dispensa maiores explicações, até pretendo no futuro fazer uma postagem sobre a obra em si, a qual merece uma atenção bastante especial por se uma obra nada fácil, pois há inúmeros simbolismos e subtextos que demandam uma longa e apurada análise a fim de tentar, e provavelmente não conseguir, abordar a totalidade do potencial da obra.
Em síntese, Serial Experiments Lain é um anime que foi dirigido por Ryutaro Nakamura, que descanse em paz, ilustrado, obviamente, por Yoshitoshi Abe e dirigido por Chiaki J. Konaka, definitivamente é um trio de peso para qualquer produção. Obra original do finado estúdio Triangle Staff e que foi ao ar de à setembro de 1998. Ganhou também uma versão para viodegame, especificadamente para o console Playstation em novembro de 1998, infelizmente não conheço ninguém que o tenha jogado, mas nutro uma imensa vontade de por jogar este game algum dia.
Serial Experiments Lain definitivamente não é um anime para todos, não que eu queira, longe disso, desmerecer quem for ou quem assistiu este anime, mas é a realidade, seu enredo não é nada linear e sua construção nem um pouco usual, as informações são simplesmente jogadas na sua cara sem nenhuma cerimônia e não raramente sem um sentido aparente. Não recordo nenhuma outra animação com tais características tão marcantes, apenas poucas que chegam perto. Apresenta conceitos filosóficos bastante profundos que envolvem principalmente a questão de realidade, identidade, comunicação, Deus, existências externas e mundos extrasensíveis. Também é notável a presença da história da computação, referências cyberpunk, teorias conspiratórias de pesquisadores que dedicaram suas pesquisas no campo da comunicação, além, claro, da questão alienígena. Então, todo esse apanhado de informações gira em torno da existência, ou não existência, da protagonista Lain, aparentemente uma menina comum, que não é tão comum assim, como nada que é apresentado neste anime.
A forma em que o anime transmite suas informações a quem o assiste pode espantar quem não tiver disposto a se aventurar nas diversas nuances apresentadas e não quiser gastar um pouco do seu cérebro para raciocinar de vez em quando. Então, se você só se interessa por entretenimento fácil, apelo visual, enredo mastigado sem nenhum ou poucos mindfucks, provavelmente não irá gostar do anime, o qual, devido suas características únicas gera uma relação de amor ou ódio bastante maniqueísta, sem espaço para meio termo.
Mas vamos ao que interessa, a questão artística, os desenhos de Abe são cheios de personalidade e bastante reconhecíveis, em animes como Lain e Haibane Renmei mostram bem a maneira em que a simplicidade do seu traço parece esconder muito mais do que aparenta em um primeiro olhar. Em seus artbooks a sua técnica se mostra claramente muito mais apurada por não estar limitada à necessidade de ser animada o que sempre torna os traços mais simples e limpos. O artbook contém ilustrações do anime, do jogo e do CD da trilha sonora.
Desta vez não vou disponibilizar as imagens na ordem, primeiramente vou expor as páginas em que contém o Nightmare of Fabrication, a fim de tecer alguns breves comentários acerca. Nightmare of Fabrication não trás nada de novo em questão de revelações do enredo de Serial Experiments Laim, poderia muito bem tratar-se um episódio, ou até mesmo de uma parte de um episódio. Alguns temas recorrentes na série são abordados aqui, como a solidão de Lain, que deslocada do mundo em que vive se vê sozinha e sem esperanças, bem como as atitudes extremas e não muito bem pensadas que ela utiliza para resolver seus problemas, como reescrever o passado ao seu bel prazer. Até ocorre a presença de uma das mais famosas frases da série que faz referência sobre o conceito de que tudo que existe, existe apenas na memória, se não há memória ou registro esta coisa não existe, então bastaria apagar o que aconteceu e reescrever sua própria história, quem viu a série percebeu que isso é muito mais problemático do que aparenta ser.
Neste contexto gira este pequeno conto, Lain, sozinha, necessitando ter alguém para conversar se não ela irá desparecer por não estar mais conectada com nada no mundo, resolver dar vida ao seu cãozinho de pelúcia o Bike, só que a vida artificial criada por Lain não sai como esperado e ela acaba se confrontando com Deus, que como na série, se utiliza dos mesmos artifícios para manipular Lain, questionando sua própria existência e a existência das pessoas que lhe são queridas, e insinuando que a mesma poderá utilizar de seus poderes para reescrever o passado, contudo, o final revela que nem mesmo uma entidade com poderes inimagináveis está isenta de problemas.