Alien Nine (OVAS): hora dos parasitas cerebrais em versão animada.


Olá a todos os possíveis leitores do Dissidência Pop, hoje resolvi trazer de volta Alien Nine de Hitoshi tomizawa, mas desta fez falarei da adaptação para anime pela J.C. Staff e GENCO, com quatro episódios, lançados de junho de 2001 à fevereiro de 2002.


Basicamente estes quatro OVAs abarcam o primeiro volume do mangá, o qual você pode ler a resenha neste mesmo blog, segue o link:Alien Nine - garotinhas e alienígenas, combinação agridoce. Até mesmo recomendo ler antes da leitura da presente resenha para uma melhor compreensão acerca da obra como um todo, além de que não precisarei adentrar profundamente nos méritos da obra nesta postagem.

Resumindo, em Alien Nine somos apresentados ao time de caça à alienígenas, o “Alien Party”, composto por três estudantes da sexta série, as quais devem proteger a escola de invasores alienígenas, umas vez que este tipo de acontecimento é algo corriqueiro, e todas as escolas devem estar preparadas, e para tanto, utilizam alienígenas simbióticos que servem como capacete e lhes proporciona defesa. Desta forma, somos apresentados ao trio de protagonistas: Yuri Otani, chorona, tímida e melancólica e que odeia alienígenas e principalmente a função de ter de os caçar, a qual foi imposta a ela contra sua vontade. Em contraparte temos Kumi Kawamura, a aluna exemplar, não conseguindo o cargo de líder de classe, resolveu entrar nesta função, e Kasumi Tomine, a garota perfeita, boa em tudo que faz, resolver caçar alienígenas porque gosta, e não devemos esquecer de Megumi Hisakawa, a professora orientadora das atividades do “Alien Party”, embora seja uma boa pessoa, esconde objetivos secretos. A respeito da Yuri, é compreensível suas reações exitantes, ela basicamente, em serviço, é inútil e tem frequentes ataques de pânico, mas convenhamos, você na sexta série, ter que caçar alienígenas nojentos, e não por raras vezes, ficar coberto de sangue/muco verde, além de quase ser assassinado por alienígenas, como reagiria? 


Se você, presente leitor, já leu o mangá ou ao menos leu minha resenha citada acima, sabe que embora a aparência inicial dê a impressão de ser algo “bonitinho” ou ao menos comum, até a abertura causa essa impressão, nem tudo é o que aparenta ser, logo após acabar a primeira impressão somos mergulhados em um mundo repleto de violência, parasitas cerebrais e transtornos pessoais. Alien Nine nos insere em um mundo surreal repleto de simbolismo, onde cada bizarrice é uma facada no estômago dada a forma crua que nos é passado os fatos no decorrer dos quatro episódios. É um verdadeiro "estupro" psicológico.

Justamente por isso, na internet, pesquisando sobre os que as outras pessoas pensam sobre esta obra, verifiquei que os que não conhecem o mangá e sua estória o efeito causado realmente é o de surpresa, justamente pela extrema diferença entre o que se espera ao começar a assistir e o que realmente é exposto nos episódios, também é unanimidade que em matéria de bizarrice, Alien Nine é medalha de ouro.


O horror de Yuri pelo "borg" é compreensível, andar com isso grudado na cabeça não é uma perspectiva muito agradável.
Especialmente a interação alienígena simbiótico/garota onde foi protagonizada cenas muito bizarras, como a forma de alimentação destes seres, chamados "borgs", que se alimentam de suor humano, especialmente das costas, e ver os alienígenas lambendo as costas das garotas é bem surreal.

Quanto aos OVAs em si, eles seguem quase fielmente ao mangá, tirando alguns acréscimos na estória, os quais não a alteram significativamente a narrativa e foram extremamente positivos. A animação para um anime dos anos 2000 é bem fluida e graciosa, o uso de CG não foi exagerado, só utilizado nos momentos adequados ao meu ver, como os tentáculos em forma de broca dos alienígenas simbióticos, os "borgs", o que proporcionou cenas de ação muito criativas. O diretor foi feliz ao juntar a paleta de cores focada em tons pastéis juntamente com o character design simples contrastante com o design grotesco dos alienígenas para acrescer ao surrealismo proposto pela obra. Em relação específicamente ao charachter design, bem, estamos falando de Hitoshi Tomizawa, então é isto mesmo, personagens com o rosto redondo e grandes orelhas, estranho, mas funciona bem na obra.




Outro ponto forte só destacado na animação, foram os sonhos de Yuri, enquanto ela se encontrava em suas viagens oníricas, foram protagonizados alguns dos momentos mais surreais possíveis, dignos de altas doses de LSD, não ausentes de sentido claro. Também é digno de nota os choramingos e reclamações de Yuri, que correspondem a praticamente 90% da atuação da mesma, os quais soaram muito verossímeis; além da referência do filme Alien, o clássico da década de setenta.

A respeito da trilha sonora, há tempos não havia escutado algo tão bizarro! Composta basicamente de melodias elaboradas com ruídos eletrônicos, lembrando algumas faixas usadas em Serial Experiments Lain. Até nos momentos sérios as faixas não diferem muito, causando certa estranheza, a qual era o esperado na obra, mesmo com a sensação de desconforto que este tipo de ruido acarreta, as músicas ainda soaram muito agradáveis de certa forma.


Digno de nota também foi a dedicação de meio episódio para retratar as férias de verão das garotas na casa de praia de Kasumi, já que no mangá apenas foram exibidos imagens acerca do ocorrido. Foi deveras interessante observar a interação das personagens em um ambiente alheio da escola, notadamente a relação entre Yuri e Kumi, onde foi possível verificar uma tensão entre as duas, pra quem gosta de shoujo ai...embora não seja nada explícito nem apelativo, apenas um elemento agregador da narrativa. Outro ponto positivo foi a animação do arco do yelow-knife, onde Kasumi tem a chance de mostrar para o que veio, retratando suas frustrações emocionais e como o alienígena se aproveita disto. Também é relevante a instigação causada pelas absurdidades apresentadas, como o que motiva a utilização de crianças para exercer esta função ingrata?


O que eu menos gostei destes quatro OVAs foi o fato de ser apenas quatro episódios, abrangendo o primeiro volume, até o fim do arco do yelow-knife, uma vez que eu realmente gostaria de ver a totalidade da obra, o que atualmente é quase impossível de ocorrer. O diretor não manipulou o enredo para fechar a estória nestes quatro episódios, deixou totalmente em aberto, inclusive inserindo um prólogo do próximo arco ao fm do último episódio! O que foi muito cruel, pois foi uma das partes que eu mais gosto de Alien Nine.

Quanto à abertura e o encerramento vou tecer alguns apontamentos. A op. de Alien Nine causou-me a mesma sensação vista em Madoka, abertura bonitinha, música alegre, personagens sorridentes e saltitantes, embora em Alien Nine seja menos criativa, uma vez que apenas exibe cenas do próprio anime, bem como os personagens principais correndo sem nenhum propósito aparente, como é bem usual em várias aberturas. O nome da música não poderia ter se encaixado melhor, "Flower Psychodelic", onde a letra também é bem coerente com a obra, tratando sobre temas como fuga da realidade e crescimento.

O encerramento também é interessante, há quatro versões, uma para cada episódio, cada uma das primeiras três versões da mesma música "rebirth" é dedicada a uma das protagonistas, é possível até extrair alguns spoilers delas. Contrastando com o pop alegre da abertura, esta ed. possui uma pegada mais melancólica, e de fato gostei bastante, embora não seja meu gênero de música preferido, coloquei pra repetir várias vezes. Além de que gostei bastante a mescla de imagens das personagens com cenas da vida real, eu gosto bastante deste efeito quando o vejo em um anime.

Finalizando, se você gosta de algo criativo embora bizarro, com uma boa profundidade psicológica, Alien Nine é mais que recomendado, caso contrário é melhor passar longe.

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