Café com Anime - Mahoutsukai no Yome Episódio 8


Sejam todos bem vindos a Oitava Edição do Café com Anime! Eu, Gato de Ulthar, juntamente com o Diego do É Só Um Desenho, o Vinicius do Finisgeekis e Fábio "Mexicano" do  Anime21 batemos um papo super bacana sobre o oitavo episódio de Mahoutsukai no Yome. Este foi um episódio muito movimentado né? Com direito ao berserker do Elias... Sem mais delongas, sentem-se e apreciem uma xícara de café enquanto desfrutam o texto.

Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. Se você tem interesse em entender melhor o projeto, recomendo que leia a postagem introdutória da inciativa: 

Café com Anime - Uma nova iniciativa do Dissidência Pop para esta temporada de Outono de 2017

O Dissidência Pop ficou responsável por publicar nossas conversas sobre o anime Mahoutsukai no Yome, enquanto o É Só Um Desenho ficou responsável por Kino no Tabi: The Beautiful World. Já o Finisgeekis publicará nossa conversa sobre Girl’s Last Tour. E no Anime21, temos as discussões sobre Children of The Whale e Animegataris.


Também é possível acompanhar o Café com Anime e as conversas publicadas por aqui: Análises Semanais - Café com Anime, onde há um menu para acessar todos os episódios analisados, a medida quem forem lançados.

Vamos à análise do 8º episódio de Mahoutsukai no Yome:



Gato de Ulthar-

Episódio 8
Bom, mas um episódio muito bacana de Mahoutsukai no Yome. Creio que o Fábio não deve ter gostado muito deste episódio, já que o feiticeiro do mal não foi morto ^^. E ainda por cima, descobrimos que ele foi amaldiçoado para não poder morrer! Fiquei o episódio todo esperando ele morrer, primeiro no momento berserker do Elias, depois quando a Chise também fica com sangue nos olhos, e ainda teve o tiro na cabeça com a bala enfeitiçada do Renfred. Eu até pensei que o Ruth poderia ataca-lo no final do episódio, mas também não, enfim...
Creio que o ponto alto foi mesmo a transformação do Black Dog em familiar da Chise. Destaco o momento do ritual, que foi repleto de fortes emoções.
Também é digno de nota o maior conhecimento que tivemos sobre os poderes da Chise, e o fato de que ela pode simplesmente fazer tudo, até mudar as regras do mundo! Isso dá muito pano pra manga.


Fábio "Mexicano"-

Ela pode tudo mesmo, até mexer o braço esquerdo depois do ferimento do episódio anterior:
Supondo que ela não tenha nenhum poder de regeneração, aquilo lá foi bem menor do que pareceu no final das contas, né? Por isso não gosto desse tipo de cliffhanger. Mas esse episódio não tem culpa da cagada feita no anterior, de jeito nenhum. Esse episódio foi muito bom, um dos melhores do anime até agora.
O Cartaphilus é um personagem complicado. A caracterização dele nesse episódio como louco perturbado, com problemas de memória e talvez até de personalidade múltipla, além da maldição (ou mais provavelmente, por causa da maldição) da imortalidade, foi muito boa para tornar o personagem que era apenas detestável em algo não só suportável, mas interessante mesmo. E não me entenda mal, eu ainda o detesto, e nem acredito que deveria ser diferente. Por isso ele se torna complicado: qualquer erro aqui e pode parecer que a autora quer que simpatizemos com ele. Mas caracterização nenhuma, como havia até então, não estava fazendo nenhum favor ao personagem também, por óbvio.
A imortalidade amaldiçoada dele também deve servir como contraste para a, hrr... "super mortalidade" da Chise, por assim dizer.

Vinicius Marino-

Achei que o retrato do Cartaphilus dessa semana serviu, paradoxalmente, para tornar a personagem ainda mais problemática. Digo isso por mostrou que ele PODERIA ser bem desenvolvido, com um pouco mais de cuidado e sutileza.
Acredito que o efeito seria bem melhor se ele não parecesse, visualmente, uma versão grisalha do maluco de cabelo rosa de Children of the Whales. O tom blasé debochado também não faz muitas graças.
Um vilão ligeiramente menos caricato, que deixasse transparecer desde o início ser alguém com problemas (ou, no mínimo, algo além de um endiabrado completo) faria muitos favores ao seu papel.

Fábio "Mexicano"-

Bom, não dá para mudar no meio o que já foi feito no começo, né. A essa altura ou se tentava salvar o personagem ou se matava ele logo. Acho que esse foi um começo para tentar salvá-lo, e por enquanto eu gostei. Tem muito tempo pra isso desandar ainda, ou para dar certo. No episódio em si acho que afetou pouco, de tão mais importante que a Chise foi.

Vinicius Marino-

Sem dúvida alguma - ambos os pontos.

Diego-

Francamente falando, nesse caso em específico eu preferira que fossem pelo lado do "mata" mesmo. Deixasse o personagem morrer com a bala na cabeça, até porque aquela foi uma cena bem catártica (levantem a mão quem mais adorou ver o moleque levando um tiro a queima-roupa o/). A tentativa de dar personalidade a ele foi ok, mas não realmente faz eu achá-lo um personagem mais interessante - ou mesmo menos caricato.
E numa nota mais aleatória, Jesus então é canon no anime? rs
E bom, já sobre o episódio como um todo, de fato a cena do pacto entre a Chise e o Ruth foi o ponto alto do episódio. Especialmente graças à uma ótima trilha sonora, diga-se de passagem.

Fábio "Mexicano"-

Só falaram "filho de deus", não falaram de qual deus :stuck_out_tongue: A menos que exista uma passagem na Bíblia ou em algum livro apócrifo ou mesmo uma obra de ficção fantástica que mostre Jesus condenando um homem chamado Cartaphilus à imortalidade, eu ficaria positivamente surpreso em conhecer algo assim.
Que eu saiba, o que há de mais próximo a uma maldição de imortalidade na Bíblia (através de interpretação fantástica) é Caim, que teria então se tornado o primogenitor de todos os vampiros. Mas ele precede Jesus, e bom, é um vampiro, não um feiticeiro.

Vinicius Marino

Bom, plot twist: existe sim um Catarphilus condenado por Jesus.
Ele é ninguém menos que o Judeu Errante: um sujeito que agrediu Jesus na Via Crúcis e foi condenado à imortalidade: https://pt.wikipedia.org/wiki/Judeu_errante
O judeu errante, também chamado Aasvero, Asvero, Ahasverus, Ahsuerus ou Ashver, é um personagem mítico, que faz parte das tradição oral cristã. Diz a lenda que Ahsverus foi contemporâneo de Jesus e trabalhava num curtume ou oficina de sapa...
Diga-se de passagem, isso não está na Bíblia. Faz parte da tradição oral cristã.

Fábio "Mexicano"-

Ah, é apócrifo então. Faz sentido. Assistindo desenhos animados da ilha xintoísta e aprendendo mais sobre cristianismo!

Diego-

Eu estou legitimamente surpreso dessa história ter origem em uma lenda real... e ao mesmo tempo não estou, dado o cuidado que a autora parece ter na criação do seu mundo, sempre buscando inspirações folclóricas.

Fábio "Mexicano"-

Exatamente, Diego :smile:

Gato de Ulthar-

Bem, muitas coisas foram ditas enquanto eu estava ausente. Esse assunto do vilão deu pano para a manga né?
Interessantíssimo o apontamento do Vinicius sobre o fundamento histórico do Catarphilus. Ainda bem que deram esse nome para ele né? Se o chamassem de Judeu Errante iria pegar super mal!
Bom, pelo que deu para entender, Jesus, ou simplesmente a divindade cristã é canônica e realmente existem no universo de Mahoutsukai. O único ponto é que o deus cristão compartilha a existência com outras divindades. Tanto é que no episódio passado a Rainha das Fadas expulsou o padre por ser de uma divindade diferente, obviamente do deus cristão.


Gato de Ulthar-

Então, acho que é um consenso de que o vilão Catarphilus é irritante e de um tipo inconveniente para a história. Só que, ao contrário do que acontece com uns vilões igualmente desnecessários em outros animes não tão bem construídos (vide Kujira), em Mahoutsukai o contexto da obra como um todo nos faz aceitar de maneira melhor um vilão desta espécie.
Só uma coisinha que me fez pensar um pouco, no final do episódio, todo mundo deixou ele ir embora numa boa. Será que ninguém cogitou que ele poderia voltar a criar problemas? Ou ninguém seria capaz de detê-lo?

Fábio "Mexicano"-

Então, não é que eu aceite o vilão. Queria que ele morresse igualmente. Mas o resto do episódio foi bom e a caracterização dele foi na medida para um vilão. O problema é o que vem depois: com um vilão bomba desses por aí qualquer deslize e a história explode na nossa cara.

Vinicius Marino

Bom, até onde eu sei, segundo a lenda o Judeu Errante "errará" até o Juízo Final. Então não adiantaria fazer nada, mesmo que eles quisessem.

Fábio "Mexicano"-

Mó errado esse judeu

Vinicius Marino-

O Elias se mostrou bastante preocupado em preservar as "leis do mundo", inclusive parando a Chise quando ela estava prestes a usar uma magia de druida nível 9. Muito provavelmente, esta é outra "regra" que ele estaria disposto a seguir.

Fábio "Mexicano"-

Esse momento de "regras do mundo" eu não entendi. O que a Chise iria fazer de tão terrível?

Vinicius Marino-

Reclame com a chefia, Fábio :stuck_out_tongue_closed_eyes:

Gato de Ulthar-

Bom, nada impediria o Judeu de ser "selado" ou "aprisionado" dentro de uma garrafinha mágica ou coisa do gênero, mas isso poderia esbarrar nas regras do mundo né?
Fábio, creio que a Chise poderia cancelar ou moldar a realidade, ou algo do gênero, distorcendo a"ordem" estabelecida das coisas. Só um palpite mesmo.
Até eu não entendi direito o que ela ia fazer. Ela conjurou umas vespas diabólicas também....

Fábio "Mexicano"-

Pra mim só pareceu que ela ia matar tudo até estar bem morto, o que parece ok

Gato de Ulthar-

Bom, sim... Mas as coisas nunca são tão simples na ficção.

Vinicius Marino-

Lendas antigas têm toda espécie de condições bizarras que engatilham maldições em cadeia ou coisas do tipo. Há uma história do Percival (da Távola Redonda) em que ele é convidado a um banquete e, durante a refeição, vê uma procissão de relíquias cruzar o salão. Quando a comitiva vai embora a princesa do lado dele começa a chorar. Ele pergunta o que foi, e ela diz que o reino foi amaldiçoado, e só poderia ser salvo se ele, Percival, perguntasse sobre a procissão durante o banquete. Como ele ficou quieto, ferrou.
Se ser tímido e não perguntar sobre uma fila de gente segurando uns objetos é motivo para maldição, imagina soltar as vespas do pandemônio no Judeu Errante.
Vai dar algo tipo isso aqui:

Fábio "Mexicano"-

Bom, a princesa pelo menos explicou né. Tô aguardando a explicação do Elias até agora. Quero dizer, ele virar monstrão e comer um louva-a-deus quimera é ok, faz parte das regras, mas a Chise provar umas vespas pra matar uma aranha quimera é não ok. Estou aqui com cara de tacho esperando pela explicação até agora.

Vinicius Marino-

Talvez não tenha nada. Talvez ele simplesmente tenha medo que algo venha a acontecer. Talvez "matar quimeras de Judeus Errantes com vespas mágicas" seja algo como "leite com manga" no universo de Mahoutsukai :stuck_out_tongue_winking_eye:

Diego-

Ou talvez aquelas vespas fossem fazer algo muito mais drástico do que "matar", tipo apagar a existência ou coisa do tipo, algo que poderia facilmente mexer com toda sorte de paradoxos e dar tela azul no universo.

Fábio "Mexicano"-

Nada contra. São todas explicações possíveis, só senti falta de haver uma explicação.


Gato de Ulthar-

Vamos falar um pouco sobre um dos pontos altos do episódio, o contrato de familiar entre a Chise o Ruth. Só eu tenho dificuldade em aceitar um nome aparentemente tão feminino? Mas enfim, vocês acham que essa relação dos dois podem culminar em algo romântico? Transformando a relação em um triângulo amoroso?

Vinicius Marino-

A Anne Lauenroth no ANN diz que "Ruth" é, na verdade, um nome sem gênero. Não sei de onde ela tirou isto, posto que o próprio artigo da Wikipedia que ela cita como evidência diz que é um "nome feminino popular" https://en.wikipedia.org/wiki/Ruth_(given_name)
Ruth (Hebrew: רות‎‎ rut, IPA: [ʁut]) is a common female given name noted from Ruth the eponymous heroine of the eighth book of the Old Testament.
Talvez seja de fato neutro em hebraico, mas não saberia dizer, pois não conheço a língua.

Gato de Ulthar-

Até na Bíblia Ruth é apenas uma personagem feminina.

Vinicius Marino-

De qualquer maneira, não me incomodou. Não mais, pelo menos, que "Ulysse", que muito provavelmente deveria ser "Ulysses". Animes têm um longo histórico de pastiches bisonhos de nomes ocidentais. Este seria apenas mais um caso entre tantos.

Fábio "Mexicano"-

Eu estava tão torcendo pra ela dar um nome de cachorro pra ele, tipo, sei lá, Rex, Totó, Bidu...

Diego-

Só eu que não pensou que o nome fosse feminino? Acho que a forma como a Chise falou pareceu um nome bem natural. Na verdade, eu até achei um pouco comum demais para o personagem rs

Gato de Ulthar-Última Terça-feira às 16:01

Na verdade, na verdade, acho que a intenção foi dar uma sonoridade de latido! Do jeito que a Chise pronunciou ficou "ruf". E de fato, parece um cachorro latindo, "ruf, ruf, ruf!"
Mas Bidu teria sido melhor.

Fábio "Mexicano"-

Eu sei que ele é consciente, mágico, que tem forma humana (que aliás apareceu primeiro), mas não consigo deixar de vê-lo como cachorro, e da mesma forma como acho estranho quem dá nome de gente pra cachorro, acho Ruth um nome estranho para ele porque é nome de gente em primeiro lugar, não porque seja masculino ou feminino. Ele devia se chamar Pretinho, sei lá

Diego-

Vamos e venhamos, a Chise chamar o cara de "Totó" ia quebrar bastante o clima da cena XD

Fábio "Mexicano"

Eu sei. Mas algo quebra dentro de mim de todo jeito quando ela olha prum cachorrão preto e chama de Ruth. Gosto da teoria de som de latido, embora no Japão a onomatopeia para latido seja wan.


Vinicius Marino-

Pessoalmente, eu adoro dar nome de gente a animais (muito embora todos os meus cachorros até hoje tenham tido nomes bem "caninos"). Meu sonho é ter um whippet chamado Brian Boru. E uma gata chamada Tove, em homenagem à escritora finlandesa Tove Jansson.

Gato de Ulthar-

Vamos entrar em outro ponto que me chamou a atenção. Por vezes eu vejo a Chise como uma criatura frágil e dependente emocionalmente do Elias, mesmo que nos últimos episódios ela venha se mostrando uma personagem proativa e dinâmica em assuntos práticos. Em outras ocasiões eu notei uma certa maturidade no agir da garota, principalmente quando ela aquieta o Elias transformado, não demonstrando medo e nenhuma forma de receio quanto ao seu guardião. Inclusive ela solta uma piadinha sobre a possibilidade dele não passar pelo buraco da porta. Será que a Chise está realmente moldando sua personalidade e maneira de agir no sentido de se tornar independente?


Diego-

Então... Eu vou colocar o seguinte: se está, eu acho muito cedo e uma mudança muito apressada. Não brusca ao ponto de não parecer a mesma personagem, mas ainda uma que poderia ter sido mais vagarosamente desenvolvida. Tudo bem que ainda está em desenvolvimento, mas pessoalmente falando acho que já demos um salto meio grande demais nesses poucos episódios.

Vinicius Marino-

Eu acredito que ela esteja mudando, mas não vejo a relação dela com o Elias como um sinal muito forte disso. Ainda.
Considerando o ódio-próprio, a baixa-estima e sua relutância inicial, sinto que seu "medo" inicial era mais um sintoma de ter sido jogada em um mundo estranho. É como aquela criança que vê um pitbull pela primeira vez. No começo, é só terror. Um mês depois, já estão assim:
O que me parece (e aqui, confesso, estou me valendo de "informação privilegiada") é que o Elias tem muito mais a "mudar" no trato com a Chise do que ela no trato com ele.

Fábio "Mexicano"-

Ela não ter medo específico de fadas, mesmo as mais grotescas, é natural. A gente estranha, mas ela sempre as viu, e a partir do momento que ela aprendeu, graças ao Elias, que isso tinha uma boa explicação e podia ser usado de forma positiva, não havia mais razão nenhuma para ela temer fadas apenas por ve-las. A aparente coragem dela para mim parece apenas desdobramento de sua baixa auto-estima - ela quis se suicidar, depois se vendeu para a escravidão, não é como se alguém assim tivesse a própria vida entre suas prioridades. Tudo isso constante, era de se esperar que ela agisse como agiu em relação ao Elias. Se quer saber, achei até ligeiramente forçado pelo roteiro a forma específica como ela agiu. Eu acho que ela está mudando, mas não foi esse episódio que mostrou isso. A mudança dela é interna, é consigo mesma, é reconquistar o amor próprio e a vontade de viver.


Gato de Ulthar-

Bom, veremos como Chise evolui como personagem nos próximos capítulos. Desta forma, encerro por aqui este Café com Anime e até a próxima!

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