Helen ESP - Não se enxerga somente com os olhos.
Helen perdeu os pais e a capacidade de ver, falar e de escutar em um acidente de trânsito, o que para muitos significaria uma completa perda da habilidade de se comunicar, serviu para Helen despertar um curioso poder, capaz de ajudar a si mesma e aos outros ao seu redor. Helen ESP é um mangá que aborda a questão da deficiência de uma maneira totalmente única, capaz de aquecer o coração e nos fazer lembrar dos clássicos filmes do estúdio Ghibli.
Helen ESP é um mangá de autoria de Katsuhisa Kigitsu, mais famoso pelo mangá Franken Fran, bastante conhecido por misturar comédia e horror de uma maneira especialmente bizarra. Mas como um artista capaz de transitar em vários gêneros, Katsuhisa Kigitsu foi capaz de dar a vida à Helen ESP. Um mangá tocante e divertido, sem os temas pesados de seu mais famoso Franken Fran. Helen ESP é composto por dois volumes e contando com 18 capítulos, publicados em 2008 na revista Weekly Shounen Champion, a mesma revista na qual foram publicados Magical Girl of the End e Yowamushi Pedal.
Helen ESP é claramente inspirado na vida de uma pessoal real, Helen Keller, e quem foi Hellen Keller? Foi uma pessoa extremamente notável e que merecia muito mais destaque. Ela foi escritora, conferencista e ativista social norte-americana, além de ser a primeira pessoa surda, muda e cega a conquistar um bacharelado. O mais incrível nesta história de vida é que Helen Keler conseguiu superar a barreira do completo isolamento e incapacidade de aprendizado. Pensem vocês, o cego se comunica pelo som e pode ler pelo sistema braile, já o mudo pode se comunicar com a visão através da língua dos sinais, mas e no caso de uma pessoa que é cega e surda simultaneamente, já que diferente da Helen deste mangá, a original foi deficiente desde os dezenove meses de vida?
A vida de Helen Keller mudou com a chegada de uma professora chamada pela família depois de muita busca por ajuda, Anne Sullivan, uma professora de 20 anos e deficiente visual, que imediatamente começou a ensiná-la a se comunicar soletrando palavras em sua mão, um sistema especial criado para Helen. Anne Sullivan também ensinou à Helen a conexão entre objetos e palavras. Por exemplo, Helen compreendeu que os movimentos que sua professora fazia na palma de sua mão, enquanto deixava a água escorrer na outra simbolizava a água. Helen também conseguiu aprender o alfabeto em braile, mais uma forma para ajudar em sua comunicação.
Helen Keller é um belo exemplo de superação, não é? Mostra que por mais que sejam sérias nossas limitações, podemos dar um jeito de aprender as coisas. Deixando um pouco a parte motivacional de lado, vamos falar um pouco sobre o mangá Helen ESP. Primeiramente, a Helen do mangá é bastante diferente da Helen real, tirando a vontade de aprender e o desejo de ajudar os outros, nisto ambas são parecidas. Contudo, a Helen do mangá possui apenas o mesmo nome, não sendo uma retratação da Helen real, além disso, ela perdeu os sentidos em uma idade mais avançada.
Mas a condição de vida de nossa protagonista Helen Takahara la Guido é muito mais fácil do que sua contraparte história, haja vista que ela possui um cão-guia chamado Victor. Todos sabemos que cães-guia são extremamente úteis para deficientes visuais correto? Mas não só isso que torna Victor tão especial para Helen, já que ele também pode falar com ela. É isso mesmo, os dois conversam, não pelos sentidos que nós conhecemos, mas por telepatia! Sim, telepatia, Helen é o que se chama de "esper", ou paranormal. E francamente, mesmo sendo cega, surda e muda, a telepatia lhe quebra um grande galho né?
Dito isso, tenho que dar um aviso, Helen ESP não é um mangá especialmente sério. Se você espera uma abordagem realista da temática da deficiência física, vá logo ler outra coisa, como Koe mo Katachi. Não digo isso para desmerecer Helen ESP, mas para delimitar qual é sua proposta. Helen vive uma série de aventuras episódicas (cada capítulo é uma história diferente), experimentando diversas situações paranormais, já que seus poderes não se resumem à telepatia, tudo com a ajuda de seu fiel amigo Victor, o qual é sua fonte vital de informação.
Assim, Helen ESP não é um mangá sobre deficiência física, mas sim sobre uma menina com poderes paranormais. Não concordo com quem reclama dessa obra por ser "rasa" sobre o tema da deficiência, ou por não propiciar uma abordagem realista, já que esse não é o seu foco. Caros leitores, vocês devem apreciar Helen ESP como um mangá de aventuras tocantes e cheias de magia, ao melhor estilo do estúdio Ghibli, onde o paranormal está no cotidiano e se mescla no mundo visível de forma extremamente natural.
Helen ESP foi publicado em uma revista voltada à demografia shounen, portanto não há nada excepcionalmente maduro, mas uma sequência de pequenas "vivências" de Hellen, onde vemos seu cotidiano. Também não há a abordagem de tantos problemas típicos de pessoas com deficiência, visto a Helen se virar muito bem com o uso da telepatia, recurso que a Helen do mundo real não podia contar. Interessante pensar que privada de vários de seus sentidos, a protagonista Helen despertou outras formas de consciência, percebendo o mundo ao seu redor de forma única, como uma espécie de "Demolidor" da Marvel sem a ação e com poderes paranormais.
Além de conviver com seu inseparável amigo canino, Helen mora com o seu tio, em virtude de que seus pais morreram no acidente supracitado. Seu tio é carinhoso e dedicado com ela, diante de sua situação, e busca diversos meios para melhorar a qualidade de vida da Helen (ela não conta para ninguém sobre seus poderes psíquicos). Inclusive submete a sobrinha a experiências com ondas cerebrais e outras máquinas importadas, sem muito sucesso, o que faz até a jovem Helen sofrer, mesmo que ele tenha a melhor das intenções. O mais interessante foi uma máquina de assistir filmes em braile, onde o filme vai sendo narrado enquanto as bolinhas do braile passam em sua mão.
Outro método bastante comum para Helen se comunicar é que escrevam as coisas em sua mão, como ela aprendeu a ler antes do acidente, é possível interpretar através do tato os ideogramas escritos em sua mão com os dedos. Além disso, ela usa um caderno de desenhos para escrever algumas coisas, ela está cega mas não é boba, consegue escrever em uma folha de papel. É curioso ver como as pessoas ao seu redor muitas vezes tem medo e receio de se comunicar com ela por não saber como, e isso é um problema enfrentado por várias pessoas portadoras de debilidades físicas.
E que tipo de aventuras Helen enfrenta? Não vou falar de cada capítulo em específico, pois são vários e o texto ficaria extremamente longo, mas vou dar um panorama geral nos aspectos mais relevantes das aventuras de Helen. Como eu havia dito, Helen se depara com o paranormal em seu cotidiano, ela não procura por nada, não busca aventuras e nem pesquisa sobre magia ou assuntos paranormais. As coisas simplesmente vão até ela.
Por exemplo, no primeiro capítulo Helen escuta o chamado de uma alma pedindo ajuda, ela dá um jeito de ir com Victor até o moribundo, e descobre que o que o está matando com câncer é uma alma penada/demônio que suga a sua vida, ela pede que Helen a mate ou absorva para que o homem volte a possuir saúde. Buscando meus conhecimentos de mitologia gaélica, ela pode ser uma espécie de Leanan Sídhe, um tipo de vampira ou súcubo que se apaixona por um humano, lhe dá um talento artístico, mas em troca suga a sua vida e pouco a pouco, até que seu amante definhe lentamente, como no caso da Redcurrent, do anime Mahoutsukai no Yome. Helen acaba aceitando ajudar e absorve os poderes do ser.
Outros exemplos de aventuras icônicas de Helen são, por exemplo, a história de um fantasma de um leão no zoológico. Em um zoológico decadente, a jaula do leão estava vazia, mas Helen sentia a presenta do fantasma do leão que residia ali. A doce menina consegue entrar na "consciência" do espírito e ver que ele tem medo de seguir adiante e sair da jaula, mas que deseja correr livremente nas savanas onde seus ancestrais e companheiros de espécie podiam correr livremente. Helen ajuda o leão a segui adiante. Há ainda o caso do cachorro "demônio" que aterroriza a cidade, ele rouba comida e ataca as pessoas, Helen descobre que ele possui interesses nobres nestes roubos, e que não é uma criatura má.
Helen também passa por situações bastante curiosas, como encontrar o fantasma de seu pai, quando ela e seu tio se perdem em uma estrada no interior e adentram um caminho que não pode ser percorrido pelos vivos. Em outra história, Helen se envolve na briga de dois exércitos, por meio de seus sonhos, quando descobre que a verdade sobre estes exércitos estavam sob os seus pés. Ela também se depara com fadas das flores e outras criaturas mágicas variadas. Mas nem tudo é exatamente paranormal, como no capítulo que ela relembra como conheceu o Victor.
O seu cão-guia Victor é um personagem interessante, como ele fala direto à cabeça da Helen, é como se ele fosse sua consciência, e realmente exerce esse papel, pois sempre tenta dissuadir Helen de fazer coisas perigosas, para que não corra nenhum risco desnecessário. Mesmo assim, não é capaz de proibir Helen de fazer algo que ela queira, mas nestes casos, mesmo descordando, é um amigo fiel que não pensa duas vezes antes de proteger sua companheira. Esse mangá trás uma relação entre um cão-guia e sua dona que nunca tinha visto antes, mas de certa forma, penso que mesmo na vida real seja parecido, com o cão se preocupando com seu dono, só sem pode falar com palavras, mas os animais tem seus próprios meio de se comunicar.
Eu poderia ainda mencionar muitas outras aventuras interessantes de Helen, mas creio que isso seria maçante, e tiraria um pouco do prazer de quem quiser ler o mangá de poder conhecer cada curioso encontro da Helen com o sobrenatural. Mas tem uma coisa sobre o que eu quero escrever. Helen ficou anos estudando em casa, com professores particulares, em virtude de seu estado. Contudo, ela resolve ir para a escola, e isto é um dos momentos mais interessantes do mangá, mostrando um tiquinho das dificuldades de uma aluna cega e surda, bem como, as barreiras a serem quebradas para se fazer novos amigos, o leve receio dos outros se aproximarem, etc.
Helen ESP é um mangá bastante único, Helen é uma menina simpática e gentil que sempre vê o lado bom das coisas, o mundo onde se passa o mangá é cheio de mistérios, mas a presença de Helen torna tudo como um dia de sol, mesmo que as vezes o tempo escureça e comece a chover pesadamente, escurecendo o dia, dando à série um tom um pouco mais obscuro, corrompendo em certa medida o mundo de Helen, mas nada com o que nossa heroína não possa lidar, como no caso da boneca que cria vida e se volta contra seu criador.
Falando um pouquinho da arte de Helen ESP, não é nada de outro mundo, ainda mais por ter sido um mangá semanal, mas o autor consegue produzir imagens lindas, como quando Helen voa deitada no leão sobre uma vasta savana. O design da Helen não deixa a desejar, é simples mas lhe confere a gentileza a carisma que lhe são características. Mas de resto, é um mangá com a arte bem simples, porém honesta. Eu não li o maior sucessor do autor, Franken Fran, mas já vi algumas imagens do mangá, onde o autor é mestre em desenhar bizarrices, mas este não é o foco de Helen ESP.
Em resumo, Helen ESP é um mangá muito gostoso de ler, e rápido também, são apenas dois volumes que passam voando. É uma ótima pedida para quem gosta de obras com temas paranormais voltadas ao cotidiano, sem grandes lutas com poderes e aventuras perigosas, como em vários filmes do clássico estúdio Ghibli e os mangás de Daisuke Igarashi. Além disso, é inspirador o modo como Helen vê o mundo, sendo um exemplo para todos. Não é o melhor mangá do mundo, mas é uma experiência extremamente agradável que quero compartilhar com vocês.
Helen ESP é claramente inspirado na vida de uma pessoal real, Helen Keller, e quem foi Hellen Keller? Foi uma pessoa extremamente notável e que merecia muito mais destaque. Ela foi escritora, conferencista e ativista social norte-americana, além de ser a primeira pessoa surda, muda e cega a conquistar um bacharelado. O mais incrível nesta história de vida é que Helen Keler conseguiu superar a barreira do completo isolamento e incapacidade de aprendizado. Pensem vocês, o cego se comunica pelo som e pode ler pelo sistema braile, já o mudo pode se comunicar com a visão através da língua dos sinais, mas e no caso de uma pessoa que é cega e surda simultaneamente, já que diferente da Helen deste mangá, a original foi deficiente desde os dezenove meses de vida?
A vida de Helen Keller mudou com a chegada de uma professora chamada pela família depois de muita busca por ajuda, Anne Sullivan, uma professora de 20 anos e deficiente visual, que imediatamente começou a ensiná-la a se comunicar soletrando palavras em sua mão, um sistema especial criado para Helen. Anne Sullivan também ensinou à Helen a conexão entre objetos e palavras. Por exemplo, Helen compreendeu que os movimentos que sua professora fazia na palma de sua mão, enquanto deixava a água escorrer na outra simbolizava a água. Helen também conseguiu aprender o alfabeto em braile, mais uma forma para ajudar em sua comunicação.
Helen Keller é um belo exemplo de superação, não é? Mostra que por mais que sejam sérias nossas limitações, podemos dar um jeito de aprender as coisas. Deixando um pouco a parte motivacional de lado, vamos falar um pouco sobre o mangá Helen ESP. Primeiramente, a Helen do mangá é bastante diferente da Helen real, tirando a vontade de aprender e o desejo de ajudar os outros, nisto ambas são parecidas. Contudo, a Helen do mangá possui apenas o mesmo nome, não sendo uma retratação da Helen real, além disso, ela perdeu os sentidos em uma idade mais avançada.
Mas a condição de vida de nossa protagonista Helen Takahara la Guido é muito mais fácil do que sua contraparte história, haja vista que ela possui um cão-guia chamado Victor. Todos sabemos que cães-guia são extremamente úteis para deficientes visuais correto? Mas não só isso que torna Victor tão especial para Helen, já que ele também pode falar com ela. É isso mesmo, os dois conversam, não pelos sentidos que nós conhecemos, mas por telepatia! Sim, telepatia, Helen é o que se chama de "esper", ou paranormal. E francamente, mesmo sendo cega, surda e muda, a telepatia lhe quebra um grande galho né?
Dito isso, tenho que dar um aviso, Helen ESP não é um mangá especialmente sério. Se você espera uma abordagem realista da temática da deficiência física, vá logo ler outra coisa, como Koe mo Katachi. Não digo isso para desmerecer Helen ESP, mas para delimitar qual é sua proposta. Helen vive uma série de aventuras episódicas (cada capítulo é uma história diferente), experimentando diversas situações paranormais, já que seus poderes não se resumem à telepatia, tudo com a ajuda de seu fiel amigo Victor, o qual é sua fonte vital de informação.
Assim, Helen ESP não é um mangá sobre deficiência física, mas sim sobre uma menina com poderes paranormais. Não concordo com quem reclama dessa obra por ser "rasa" sobre o tema da deficiência, ou por não propiciar uma abordagem realista, já que esse não é o seu foco. Caros leitores, vocês devem apreciar Helen ESP como um mangá de aventuras tocantes e cheias de magia, ao melhor estilo do estúdio Ghibli, onde o paranormal está no cotidiano e se mescla no mundo visível de forma extremamente natural.
Helen ESP foi publicado em uma revista voltada à demografia shounen, portanto não há nada excepcionalmente maduro, mas uma sequência de pequenas "vivências" de Hellen, onde vemos seu cotidiano. Também não há a abordagem de tantos problemas típicos de pessoas com deficiência, visto a Helen se virar muito bem com o uso da telepatia, recurso que a Helen do mundo real não podia contar. Interessante pensar que privada de vários de seus sentidos, a protagonista Helen despertou outras formas de consciência, percebendo o mundo ao seu redor de forma única, como uma espécie de "Demolidor" da Marvel sem a ação e com poderes paranormais.
Além de conviver com seu inseparável amigo canino, Helen mora com o seu tio, em virtude de que seus pais morreram no acidente supracitado. Seu tio é carinhoso e dedicado com ela, diante de sua situação, e busca diversos meios para melhorar a qualidade de vida da Helen (ela não conta para ninguém sobre seus poderes psíquicos). Inclusive submete a sobrinha a experiências com ondas cerebrais e outras máquinas importadas, sem muito sucesso, o que faz até a jovem Helen sofrer, mesmo que ele tenha a melhor das intenções. O mais interessante foi uma máquina de assistir filmes em braile, onde o filme vai sendo narrado enquanto as bolinhas do braile passam em sua mão.
Outro método bastante comum para Helen se comunicar é que escrevam as coisas em sua mão, como ela aprendeu a ler antes do acidente, é possível interpretar através do tato os ideogramas escritos em sua mão com os dedos. Além disso, ela usa um caderno de desenhos para escrever algumas coisas, ela está cega mas não é boba, consegue escrever em uma folha de papel. É curioso ver como as pessoas ao seu redor muitas vezes tem medo e receio de se comunicar com ela por não saber como, e isso é um problema enfrentado por várias pessoas portadoras de debilidades físicas.
E que tipo de aventuras Helen enfrenta? Não vou falar de cada capítulo em específico, pois são vários e o texto ficaria extremamente longo, mas vou dar um panorama geral nos aspectos mais relevantes das aventuras de Helen. Como eu havia dito, Helen se depara com o paranormal em seu cotidiano, ela não procura por nada, não busca aventuras e nem pesquisa sobre magia ou assuntos paranormais. As coisas simplesmente vão até ela.
Por exemplo, no primeiro capítulo Helen escuta o chamado de uma alma pedindo ajuda, ela dá um jeito de ir com Victor até o moribundo, e descobre que o que o está matando com câncer é uma alma penada/demônio que suga a sua vida, ela pede que Helen a mate ou absorva para que o homem volte a possuir saúde. Buscando meus conhecimentos de mitologia gaélica, ela pode ser uma espécie de Leanan Sídhe, um tipo de vampira ou súcubo que se apaixona por um humano, lhe dá um talento artístico, mas em troca suga a sua vida e pouco a pouco, até que seu amante definhe lentamente, como no caso da Redcurrent, do anime Mahoutsukai no Yome. Helen acaba aceitando ajudar e absorve os poderes do ser.
Outros exemplos de aventuras icônicas de Helen são, por exemplo, a história de um fantasma de um leão no zoológico. Em um zoológico decadente, a jaula do leão estava vazia, mas Helen sentia a presenta do fantasma do leão que residia ali. A doce menina consegue entrar na "consciência" do espírito e ver que ele tem medo de seguir adiante e sair da jaula, mas que deseja correr livremente nas savanas onde seus ancestrais e companheiros de espécie podiam correr livremente. Helen ajuda o leão a segui adiante. Há ainda o caso do cachorro "demônio" que aterroriza a cidade, ele rouba comida e ataca as pessoas, Helen descobre que ele possui interesses nobres nestes roubos, e que não é uma criatura má.
Helen também passa por situações bastante curiosas, como encontrar o fantasma de seu pai, quando ela e seu tio se perdem em uma estrada no interior e adentram um caminho que não pode ser percorrido pelos vivos. Em outra história, Helen se envolve na briga de dois exércitos, por meio de seus sonhos, quando descobre que a verdade sobre estes exércitos estavam sob os seus pés. Ela também se depara com fadas das flores e outras criaturas mágicas variadas. Mas nem tudo é exatamente paranormal, como no capítulo que ela relembra como conheceu o Victor.
O seu cão-guia Victor é um personagem interessante, como ele fala direto à cabeça da Helen, é como se ele fosse sua consciência, e realmente exerce esse papel, pois sempre tenta dissuadir Helen de fazer coisas perigosas, para que não corra nenhum risco desnecessário. Mesmo assim, não é capaz de proibir Helen de fazer algo que ela queira, mas nestes casos, mesmo descordando, é um amigo fiel que não pensa duas vezes antes de proteger sua companheira. Esse mangá trás uma relação entre um cão-guia e sua dona que nunca tinha visto antes, mas de certa forma, penso que mesmo na vida real seja parecido, com o cão se preocupando com seu dono, só sem pode falar com palavras, mas os animais tem seus próprios meio de se comunicar.
Eu poderia ainda mencionar muitas outras aventuras interessantes de Helen, mas creio que isso seria maçante, e tiraria um pouco do prazer de quem quiser ler o mangá de poder conhecer cada curioso encontro da Helen com o sobrenatural. Mas tem uma coisa sobre o que eu quero escrever. Helen ficou anos estudando em casa, com professores particulares, em virtude de seu estado. Contudo, ela resolve ir para a escola, e isto é um dos momentos mais interessantes do mangá, mostrando um tiquinho das dificuldades de uma aluna cega e surda, bem como, as barreiras a serem quebradas para se fazer novos amigos, o leve receio dos outros se aproximarem, etc.
Helen ESP é um mangá bastante único, Helen é uma menina simpática e gentil que sempre vê o lado bom das coisas, o mundo onde se passa o mangá é cheio de mistérios, mas a presença de Helen torna tudo como um dia de sol, mesmo que as vezes o tempo escureça e comece a chover pesadamente, escurecendo o dia, dando à série um tom um pouco mais obscuro, corrompendo em certa medida o mundo de Helen, mas nada com o que nossa heroína não possa lidar, como no caso da boneca que cria vida e se volta contra seu criador.
Falando um pouquinho da arte de Helen ESP, não é nada de outro mundo, ainda mais por ter sido um mangá semanal, mas o autor consegue produzir imagens lindas, como quando Helen voa deitada no leão sobre uma vasta savana. O design da Helen não deixa a desejar, é simples mas lhe confere a gentileza a carisma que lhe são características. Mas de resto, é um mangá com a arte bem simples, porém honesta. Eu não li o maior sucessor do autor, Franken Fran, mas já vi algumas imagens do mangá, onde o autor é mestre em desenhar bizarrices, mas este não é o foco de Helen ESP.
Em resumo, Helen ESP é um mangá muito gostoso de ler, e rápido também, são apenas dois volumes que passam voando. É uma ótima pedida para quem gosta de obras com temas paranormais voltadas ao cotidiano, sem grandes lutas com poderes e aventuras perigosas, como em vários filmes do clássico estúdio Ghibli e os mangás de Daisuke Igarashi. Além disso, é inspirador o modo como Helen vê o mundo, sendo um exemplo para todos. Não é o melhor mangá do mundo, mas é uma experiência extremamente agradável que quero compartilhar com vocês.