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Gato de Ulthar
Café com Anime - Mahoutsukai no Yome Episódio 4
Bem vindos a mais um Café com Anime! Venham ver o que conversamos sobre o quarto episódio de Mahoutsukai no Yome. Só adianto que este foi o episódio mais que gerou mais polêmica até agora, com opiniões fortemente divididas!
Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. Se você tem interesse em entender melhor o projeto, recomendo que leia a postagem introdutória da inciativa:
Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. Se você tem interesse em entender melhor o projeto, recomendo que leia a postagem introdutória da inciativa:
O Dissidência Pop ficou responsável por publicar nossas conversas sobre o anime Mahoutsukai no Yome, enquanto o É Só Um Desenho ficou responsável por Kino no Tabi: The Beautiful World. Já o Finisgeekis publicará nossa conversa sobre Girl’s Last Tour. E no Anime21, temos as discussões sobre Children of The Whale e Animegataris.
Também é possível acompanhar o Café com Anime e as conversas publicadas por aqui: Análises Semanais - Café com Anime, onde há um menu para acessar todos os episódios analisados, a medida quem forem lançados.
Gato de Ulthar-
Eu, Gato de Ulthar, sou muito suspeito para falar de como gostei deste quarto episódio de Mahoutsukai no Yome, já que ele se passou na minha terra natal, Ulthar! Estou sumamente lisonjeado por esta bela obra de ficção ter homenageado os arcanos gatos de Ulthar criados pelo mestre do horror cósmico H.P. Lovecraft!
Tirando isso um pouco de lado, finalmente vemos um pouco de ação de verdade em Mahoutsukai no Yome. Tivemos uma boa construção do episódio, com a ambientação do país dos gatos e culminando em um sério momento de tensão, onde muitos aspectos misteriosos sobre a a condição de Chise são colocados em cena. O anime foi eficientíssimo em me deixar curioso para o próximo episódio. Além disso, finalmente saímos de uma sucessão de episódios "episódicos", para uma trama que demanda mais episódios para ser concluída. Continuo positivamente impressionado com Mahoutsukai no Yome.
Vinicius Marino-
Sou uma "dog person", mas preciso conceder: fazem muito bem os gatos de Ulthar de escolherem uma Maine Coon como rainha. Ô raça linda!
Numa nota mais séria, só tenho a concordar. O episódio foi um primor, tanto na competência com que toca o enredo quando na criação de seu mundo fantástico. São pequenos detalhes que, somados, dão a impressão que Mahoutsukai no Yome habita um universo coeso e intrigante. Sua comparação com a Ursula le Guin em conversas passadas é cirúrgica. De fato, o anime parece a obra de uma mestre em fantasia.
E de todos esses detalhes, o Elias foi o que mais me agradou. A maneira como ele se transforma ora em sombra, ora em espinhos faz da personagem ainda mais intrigante. A cena em que ele se esconde da criança poderia facilmente ter saído de um filme do Studio Ghibli.
Gato de Ulthar
Muitos aspectos deste episódio me chamaram a atenção positivamente. A cena do trem me lembrou o famoso trem da saga do Harry Potter. E como um todo, a construção da cidade dos gatos me lembrou muito as obras do Estúdio Ghibli. Aprofundando um pouco mais na questão dos Gatos de Ulthar, a autora pegou muito da obra original de Lovecraft, o que pra mim é positivo. No conto dos Gatos de Ulthar, também havia um indivíduo que assassinava os gatos e estes se voltaram contra eles, tanto a Ulthar de Lovecraft como a de Mahoutsukai mostram uma cidade onde os gatos e as pessoas vivem em harmonia, tirando as exceções de um ou outro psicopata de gatos.
Fábio "Mexicano"-
Acho que é uma gata angorá, e não maine coon, hein? Maine coons são enormes, essa parece ter o mesmo tamanho dos outros dois gatos.
Eu gostei da vilazinha com cara daquelas vilazinhas antigas que ainda usa os mesmos métodos construtivos de séculos atrás. Pelo menos é o que parece pelos muros, talvez as casas sejam mais modernas. Mas bem, isso tudo é só cenário
Como eu sei que no geral todo mundo vai elogiar, porque todo mundo gostou (eu inclusive), vou reclamar, só pra variar: uma constante nesses episódios até agora é como a Chise se mete em uma encrenca atrás da outra. É enfeitiçada pelas fadas, capturada por um dragão, quase se afogou em dois episódios consecutivos, e agora feita de refém por feiticeiros. Considerando que ela é a protagonista, isso tem me perturbado já. Eu sei que ela é fraca e todo mundo quer ela e essas coisas, mas ela não deu um passo para frente até agora e o Elias não ajudou em nada também - ele sempre salva a donzela em apuros depois, mas e daí? Eu preferiria que ela não estivesse sempre em apuros ou que começasse a aprender a se salvar sozinha, ou pelo menos tentar.
Vinicius Marino-Última Segunda-feira às 00:35
Ela me pareceu bem grande para uma gata. E essa pelagem me lembrou bastante um Maine Coon. Mas como disse, sou uma "dog person"
Quando à Chise, não tem nada a ver com ser uma "donzela em apuros". Ela atrai encrenca porque é uma Sleigh Beggy. Os seres sobrenaturais naturalmente convergem a ela. E aqueles proficientes no uso da magia a buscam no intento de dominá-los. Ela é estupidamente poderosa: o episódio da Angélica provou isso acima de qualquer dúvida. Ela só não faz ideia de como usar o seu poder - nem do que consiste esse mundo bizarro em que ela foi jogada.
Esse é o quarto episódio, afinal! A Chise mal terminou seu primeiro feitiço! O que exatamente você estava esperando? Que ela encarnasse o Gandalf a Branco ou a Carrie, chacinando seus inimigos com telecinese? Esse não parece ser esse tipo de anime - nem ela, esse tipo de protagonista.
Fábio "Mexicano"
"Nem ela, esse tipo de protagonista". Isso aqui. Ela já passou por tudo isso (e tenho certeza que muito mais, ao longo da vida), e continua completamente passiva. E bom, se ela é uma garota e entra em apuros todo o episódio, com ou sem justificativa, ela tecnicamente é uma "donzela em apuros". Como o anime é do ponto de vista dela o clichê fica menos óbvio, mas é ele.
Diego-
Estou surpreso com o conhecimento de vocês por gatos
Agora sobre o episódio, eu gostei bastante. E ao mesmo tempo entendo a crítica do Fábio. Acho que o anime foi um pouco apressado em jogar a Chise em meio a conflitos e lutas envolvendo magos. Faz sentido que o Elias queira que a Chise entenda o que significa ser um mago, mas acho que ele devia tê-la ensinado algumas coisas antes. Do jeito que as coisas foram feitas, o "show" de cenários e magias tomou lugar de um desenvolvimento mais calmo das capacidades da protagonista, e isso suscitou uma fórmula que o roteiro está seguindo religiosamente - até demais. Também gostaria de ver uma Chise um pouquinho mais ativa. Ela não precisa sair soltando bolas de fogo por ai, só de não ser capturada a cada episódio já estaria de bom tamanho kkkk
Vinicius Marino-
Já eu tenho uma leitura completamente diferente desse anime.
A Chise é uma garota que sente que "pertence" tão pouco que se ofereceu, voluntariamente, à escravidão. “Apuro” após “apuro”, ela começa a questionar esse “deathwish” e encontrar um lugar no novo mundo que a abraçou. Esse é, afinal de contas, o anime cujo slogan é “Essa é uma história para que você possa conhecer a beleza do mundo” (https://www.youtube.com/watch?v=V5GbcVIKLIQ). E que nos deslumbra com essa beleza episódio a episódio.
A Chise está enfrentando um inimigo muito pior que um dragão, fada ou feiticeiro. Está lutando com (e vencendo) ela mesma.
Eu tive um amigo de infância que cometeu suicídio, e outros tantos conhecidos que arruinaram suas vidas porque, movidos pela insatisfação, tomaram decisões irreversíveis. Se eles tivessem uma fração do protagonismo da Chise, suas vidas teriam sido diferentes.
Diego
Eu quero enfatizar que eu acho que a Chise, como personagem, faz sentido. O que eu acho que NÃO faz sentido é o Elias submeter uma garota não treinada a situações de risco, sobretudo uma garota tão valiosa para ele quanto a Chise. É isso que eu acho um pouco forçado.
Fábio "Mexicano"-
Eu concordo com tudo isso, Vinicius, acredito que é essa a intenção do anime sim. Só não estou vendo esse suposto crescimento da Chise, essa luta, essas vitórias. Não acho que ela tenha mudado tanto assim desde a primeira vez em que botou os pés na casa do Elias. A única coisa que tenho visto mudar é como ela se relaciona com o Elias, e é uma mudança bastante sutil. No segundo episódio ela estava começando a tentar lê-lo. Nesse episódio ela está preocupada que, caso fracasse, ele a abandone. É quase como se todo o "mundo" que ela está descobrindo fosse apenas o Elias.
Outra constante da Chise: episódio depois de episódio ela tem encontrado modelos parentais positivos. E isso sempre a leva a pensar em sua própria mãe, sem falha. Também nesse departamento, vejo pouca ou nenhuma mudança nela: o anime esfrega boa mãe atrás de boa mãe na cara dela, ela se lembra de seu trauma, e fica por aí.
Gato de Ulthar-
Na minha opinião, a rainha é uma Maine Coon. Só uma curiosidade, Maine é um estado dos EUA da região da Nova Inglaterra, onde se passam muitas das histórias de Lovecraft. Será coincidência? Sei que a história se passa na Inglaterra, mas...
Quanto ao assunto da crítica da Chise como Protagonista levantado pelo Fábio, ao contrário dele, eu não acho que a Chise seja uma "donzela em apuros", ou uma "fraca". muito pelo contrário, embora ela possa parecer frágil e sem personalidade própria, na hora "H" ela sempre toma uma postura decidida.
Isso pode ser visto quando ela aceita realizar o ritual de purificação no rio. Ela podia espernear e afirmar que não estava preparada, ela podia correr, chorar, pedir ajuda para Elias, mas não, ela aceita o desafio, sem nunca ter feito um ritual daquela envergadura. Ela tem medo, claro, ela exita enquanto anda, mas isso é perfeitamente natural e só dá mais verossimilhança à obra. Quem não ficaria assustado numa situação destas?
Fábio "Mexicano"-
Eu não vi toda essa determinação dela em momento nenhum, mas tudo bem, esse assunto não vai nos levar a nada, e eu legitimamente gostei do episódio e estou gostando do anime, não temos porque continuar discutindo algo que não vai nos levar a lugar nenhum
(mas se eu fosse insistir, poderia dizer por exemplo que nesse caso da purificação ela estava com medo de ser abandonada pelo Elias, mais do que determinada a fazer algo por si mesma, mas tanto faz, cada um pode entender como achar melhor que o anime continua funcionando)
Gato de Ulthar-
Para chegar nessa conclusão, Fábio, seria necessário fazer muito esforço em não levar em consideração o que foi apresentado no episódio. No meu caso, observando o contexto, percebi que uma das motivações para ela prosseguir no ritual seria justamente "ajudar" de alguma forma a mulher doente que ficou aprisionada pela energia negativa do marido. Ela pediu para eles serem mortos, claro que Chise não faria isso, mas quando surgiu a oportunidade de purificação, seria uma solução muito mais conveniente para Chise.
Fábio "Mexicano"-
Não foi como eu vi, e te garanto que não me "esforcei" para isso. Mas como eu disse, não importa, segue para outro assunto.
Vinicius Marino-
Eu li o episódio da mesma forma como o Cat. Aliás, foi a função daquele diálogo (bastante extenso) entre a Chise e a mulher debaixo d'água. Acho que toda a "pegada" da evolução da Chise como personagem é a tensão que se forma entre a desconsideração dela por si própria e a empatia que sente pelos outros. O episódio do dragão foi um soco no estômago nesse sentido; este foi outro. Vi internet afora muitas pessoas comparando a trajetória dela com vítimas de depressão, na tentativa de retomar sua auto-estima. Eu acho que o conflito é mais abstrato: trata-se da necessidade de pertencimento e de propósito na vida. Que são ausências acarretadas pela depressão, mas não só por isso.
Diego-
Novamente eu vou concordar com o Fábio, a motivação da Chise parecia sobretudo o medo do Elias a abandonar. Se mais nada, o pedido da fantasma lá mais parecia fazer ela hesitar do que realmente fazê-la se decidir sobre algo. Em todo caso, se não era a intenção ligar a motivação da Chise somente ao medo de ser abandonada o anime não deveria ter repetido esse umas três ou quatro vezes nos monólogos internos da personagem.
Vinicius Marino
Vejo o medo do abandono como uma constante, mas o motivo me parece muito mais básico. Ela é uma estranha em uma terra estranha, sem amparo entre fadas, feiticeiros e monstros que jogam um jogo cujas regras não conhece. Chamá-la de "fraca" ou "passiva" por querer preservar seu único porto seguro me parece exigir dela uma frieza anti-humana. Eu tenho medo de ser "abandonado" por meus amigos quando me convidam a uma festa estranha. Se eu fosse a Chise, na situação dela, não largaria o Elias por nada no mundo!
Diego-
Ah, não entenda mal, mesmo concordando com a interpretação do Fábio, ainda discordo que isso seja um problema. Como disse, meu problema é mais com Elias levar ela ali em primeiro lugar rs
Fábio "Mexicano"-
Nem tudo o que eu aponto como "problema" é coisa que me incomode. E francamente, acho que às vezes "problemas" são bons, talvez até necessários. Só gosto de apontá-los mesmo. Como eu disse, gostei do episódio e continuo gostando do anime. Meu maior porém continua sendo o mesmo desde o começo, que vocês sabem já muito bem.
Gato de Ulthar-Última Segunda-feira às 16:09
Pelo visto este foi um episódio polêmico para nós! Temos uma boa divisão entre o que pensamos da Chise, o que mostra a riqueza de interpretações possíveis para a personagem, e isto é muito bom para as nossas conversas.
Pois é né? O Fábio encasquetou-se com a questão da "escravidão" (acho que é esse o maior problema dele com o anime). Como eu já disse anteriormente, pra mim essa "compra" dela, foi apenas um modo de salvá-la. Acho que não restam mais dúvidas de quele não tinha nenhuma intenção de ter uma escrava.
E botando um pouco mais de lenha na fogueira, vamos para outro tópico. Eu pelo menos percebi que o "casamento" proposto pelo Elias funciona mais como um curso de aprendizado de magia para Chise. Tanto é que ele chama de "lua de mel" as missões que ele a leva para participar. O "casamento" seria um sinônimo para a relação de aprendizagem mago/aprendiz. Mas claro, pode ter mutia coisa escondida, como bem mostrou esse episódio, quando o feiticeiro começou a falar algumas verdades (ou meias verdades) inconvenientes e na pior hora possível.(editado)
Vinicius Marino-
É importante lembrar que, em religiões pagãs, várias formas de sacramento eram concebidas como "casamentos" rituais entre as pessoas e divindades específicas. Por exemplo: na Irlanda gaélica, um rei assumia o poder "casando-se" com a deusa da soberania. Muito embora Chise e o Elias de fato desenvolvam sentimentos um pelo outro (embora não amorosos stritu sensu), acho esse um subtexto interessante de se ter em mente
Fábio "Mexicano"-
Considerando diferença de idade, o trauma específico da Chise e o que o próprio anime está jogando na cara dela (e na nossa) a cada episódio, o Elias estaria melhor como uma figura paterna para a Chise.
Independente das tais culturas pagãs e outras interpretações possíveis, é bem óbvio o que "casamento" e "lua de mel" desperta em todos nós.
Aliás, fosse o Elias uma figura paterna, e não um suposto "noivo", acho que até meu incômodo com a escravidão desapareceria.
Vinicius Marino-
Também é bem evidente que estamos lidando com o mundo dos "Deuses Antigos" que habitavam a Britânia antes da chegada dos cristãos. Deixar nossa bagagem na porta é o primeiro passo para imergirmos nesse tipo de cultura. Se até um padre foi capaz de fazer isso no anime, acho que aguentamos o sacrifício.
Diego-
Vou dizer que não "compro" essa explicação para o termo "casamento" não. Que o Elias não tem exatamente bom senso (ou senso comum, para ser mais preciso) é verdade, mas não acho que os propósitos dele sejam assim tão... etéreos... ao usar do termo. Acho que o plano dele é sim terminar em uma relação amorosa e sexual com a Chise, a fim de dar sequência aos magos.
Gato de Ulthar-
Não tem como eu não concordar com o Vinicius. Não nego que terá uma "tensão" romântica ente os dois, isso será natural levando em conta o que já foi mostrada. Em nenhum momento eu consegui ver o termo casamento e lua-de-mel que são utilizados no anime, com uma conotação literal. Se isso desperta ou não "conotações", é algo absolutamente particular.
Por algum motivo, falando dessa história de casamento em um significado mais arcano, lembrei do livro de Willian Blake, O Casamento do Céu e do Inferno. de Willian Blake:
Gato de Ulthar-
Mudando de assunto, o que vocês acharam do momento final do episódio, onde o feiticeiro começa a despejar alguns comentários inconvenientes para jogar a Chise contra o Elias. Quanto ao fato de que ela tinha pouco tempo de vida ou que ocorreria uma tragédia, já tínhamos recebido uma pista no episódio anterior. Quais serão os verdadeiros objetivos do Elias? Será que ele pretende salvá-la casando-se com ela? Ou apenas tomar o seu poder (essa opção eu acho difícil, não consigo ver o Elias como um cara mau)?
Diego-
Acho que a morte dela advém dela não saber controlar bem os próprios poderes, nisso o objetivo do Elias deve ser ensiná-la a se controlar melhor. Afinal, não faria muito sentido desposar alguém que vai morrer em três anos se o seu objetivo for passar seus conhecimentos adiante rs.
Vinicius Marino-
Não espero nada menos de um feiticeiro. Eles odeiam os magos e tem pouquíssimo respeito pelas fadas de onde seus rivais tiram poder. O tratamento que dispensou à ariel foi emblemático nesse sentido. Não acho que a Chise nem o Elias deveria dar muita trela ao que ele diz, embora a brevidade da vida da garota seja um problema, até onde sabemos, real.
Dito isso, sem dar spoilers, posso assegurar que o Renfred é uma das personagens que mais (e melhor) se desenvolve ao longo da série. Nossa perspectiva sobre ele ainda mudará muito com o passar dos episódios. Sobretudo quando a relação dele com a sua aprendiz entrar em cena.
Fábio "Mexicano"-
Como sou sempre eu a reclamar de tudo, vou dizer que achei um gancho ruim, um final de episódio que me incomodou. O incômodo e surpresa da Chise advém do fato de que o Elias sempre a mantém no escuro sobre tudo, o que já é algo que vem me incomodando, então por tudo o que eu entendo ele já deveria ter ensinado algumas coisas para ele e aquilo não deveria ser surpresa para a Chise e um gancho daqueles não seria possível. Não só isso, mas o anime não tinha "dado pista", ele tinha literalmente revelado para nós, expectadores, sobre a baixa expectativa de vida da Chise, no episódio anterior, então aquela declaração absolutamente não me surpreendeu. Assim, surpreendeu a Chise por motivos que não me agradam e não me surpreendeu, só pude mesmo ficar puto aqui.
Vinicius Marino-
Acho que já mencionei antes e digo novamente: Mahoutsukai no Yome tem ganchos ruins no geral, e eu acho que isso é decorrência de uma má adaptação ao formato anime. O mangá lembra um pouco a estrutura de xxxHolic (outra história que sofreu nas telas): arcos mais-ou-menos curtos, mais-ou-menos independentes, longos demais para um episódio 25, sem grandes excitações que mereçam pausas dramáticas. Penso que os roteiristas devem ter tido medo que a série adquirisse um passo moroso e resolveram pecar no sentido oposto. Dito isso, está bem longe de me incomodar. Animes com andamento pior existem a rodo.
Fábio "Mexicano"-
Então, eu vejo que o anime está lento, e estou ok com isso. As histórias são boas o bastante e foram feitas para funcionar assim. E é especialmente por isso que quando ele tenta "acelerar" acaba me irritando: me irritou no final do segundo episódio, com o dragão sequestrando a Chise, e me irritou agora, com uma cena final ainda mais longa e que, eu sinto, acrescentou pouco - mas que foi o bastante para destruir o que eu vinha vendo até então, e que estava me encantando mais a cada instante.
Diego
Clifhangers não costumam me incomodar. Entendo a crítica do Fábio, mas não realmente vejo um problema com o gancho em si.
Gato de Ulthar-
Eu também não fiquei incomodado com a revelação "bombástica" do final do episódio. Claro que o que foi revelado já não era surpresa pra ninguém, mas o fato de isto ser revelado para a Chise da maneira que foi é que surpreendeu.
Além disso, também não comungo com o Fábio quanto ao fato de pouco ser revelado para Chise ao longo dos episódios ser algo ruim, uma vez que é prática comum em obras de fantasia onde há a relação mestre/aprendiz, onde o conhecimento e os fatos sobre o aprendiz são dados a conta-gotas pelos mestres. O exemplo mais óbvio é de uma das inspirações de Mahoutsukai no Yome, Harry Potter. O mago Dumbledore omitiu muita coisa importantíssima sobre o passado de Hearry, o que só veio a ser revelado no final, o que é revoltante mas justificado. Penso que há motivos para Elias não despejar tudo de cara para Chise, o mais óbvio é que ele queira prepará-la primeiramente.
Vinicius Marino
Na verdade, em obras sobre ocultismo o NORMAL é que o mínimo seja revelado. Toda a concepção de "conhecimento" nessas histórias se baseia no controle da informação, relações de senioridade e formas sorrateiras de se estimular a curiosidade. Um mago poderoso que abrisse os livros logo de cara atrapalharia minha suspensão de descrença.
Diego-
Já eu digo que ser normal não é exatamente uma boa desculpa. Algo que ferra muito com a minha suspensão de descrença é justamente quando personagens gostam de esconder informação relevante só porque sim. Se o Elias tem um bom motivo pra ainda não ter sentado com a Chise e explicado tudo pra ela, o anime não me deu esse motivo, o que já está incomodando.
Fábio "Mexicano"-
Bom, mas o Harry tem todo um mundo e descobre muitas coisas sozinho. Pra Chise, o mundo é o Elias
Vinicius Marino-
Lembrem-se de que a “fairy lore” na qual esse tipo de história se baseia é fruto de uma época em que o acesso ao saber era limitado. Por que a noite é fria e o dia é quente? Por que luzes azuladas aparecem sobre cadáveres? Por que crianças desaparecem quando entram na floresta? Antes da modernidade, “porque sim” era a única resposta a esse tipo de pergunta. Geralmente, acompanhada por um adendo ainda mais tacanho, como “porque a fada má a levou.”
Aliás, esse tipo de história era justamente feito como “cautionary tales” para ensinar crianças e jovens senso comum. Se lembrarem dos contos de fada (de onde boa parte do imaginário de Mahoutsukai no Yome é derivado), a maior parte dos heróis e heroínas têm zero contexto sobre suas ações – e as confusões em que se colocam geralmente são resultado dessa ignorância, cuja própria experiência ao ler a história tinha a função de suprir. “Barba Azul” (https://pt.wikipedia.org/wiki/Barba_Azul) é um caso paradigmático nesse sentido, mas quase todos os contos se encaixam nisso. Para apreciar esse tipo de ficção, é necessário abstrair isto.
Conheço o Diego o suficiente para saber que ele prefere histórias “explicadas”. Mas esta própria postura inquisitiva é fruto da modernidade, e razão pela qual esse folclore desapareceu. As fadas morreram quando “porque sim” deixou de ser explicação suficiente.
Quanto à crítica do Fábio, nem vou me estender: você próprio já admitiu que isso é rancor com a questão da escravidão. Duvido que apreciaria essa série com olhos tão críticos não fosse por isso.
Fábio "Mexicano"-
Com certeza
Mas fico com coceira quando vejo argumento fácil de responder, desculpa, vou evitar quando estiver só esticando uma discussão que eu mesmo já considero encerrada, lol
Diego-
Só queria dizer que o caso aqui não é bem "porque sim". O Elias aparentemente sabe muito bem o que está acontecendo com a Chise, e só não fala. Há sim perguntas nessa história que podem ser respondidas sem problema nenhum com um "porque sim", só não acho que o silêncio do Elias seja uma delas.
Fábio "Mexicano"-
O fato é que alguns mistérios - em muitas histórias - são escondidos propositalmente pra segurar o leitor. Mas quando erra na dose isso começa a irritar. É o caso do "pecado" de Kujira (espero que falemos sobre isso) e da curta expectativa de vida da Chise, em Mahou Tsukai
Vinicius Marino
O silêncio do Elias é o gatilho a partir do qual essas perguntas são feitas. A esmagadora maioria das figuras de autoridade em contos de fada se comportam do mesmíssimo jeito: não fazem um "lore dump" no início da obra explicando tudo o que vai acontecer com a criança se ela não fizer isso ou aquilo. Ela descobre do jeito mais difícil, e o espectador aprende (por meio da sua experiência) a não fazer igual. E sobre "errar na dose", estamos no QUARTO episódio. Se chagamos ao ponto que uma história precisa mostrar as cartas nesse altura, aposentem os romances. Vamos passar a nos comunicar por tweets(editado)
Fábio "Mexicano"-
Mas isso não é algo sobre fazer ou não fazer, né? Não até onde dá para entender pelo que foi revelado pelo anime. Mas relaxa, vamos para o próximo ponto, já aceitei isso, gostando ou não
Gato de Ulthar
Esse tópico deu pano pra manga não é? Só pra concluir com o que eu penso. Acho que a série vai aos poucos revelando seus mistérios. Partilho da opinião do Vinicius quanto ao tema, creio que neste tipo de obra seja mais do que natural a progressão sistemática do conhecimento que a protagonista possui. Não sei ao certo o alcance das coisas que o Elias pode revelar, mas creio que se ele já não disse tudo é porque possui um motivo, será que é para não traumatizá-la mais do que ela já está traumatizada? Será que sabendo de tudo ela não pode libertar seu poder de modo desordenado? De qualquer forma, agora sabemos que o Elias não consegue salvar a Chise incólume de cada vez que ela é atacada, induzida ou raptada, já que neste quarto episódio o feiticeiro liberou informações que ele não havia contado até o momento.
De qualquer forma, só o futuro dirá como isso vai continuar, se Chise continuará coberta pelo véu do mistério, ou progredirá paulatinamente em busca dos conhecimentos arcanos que o destino lhe reserva.
Fábio "Mexicano"-
Existe um fetiche por trens à vapor em fantasia contemporânea, né?
Diego-
O que é, diga-se de passagem, bem curioso. Fantasia ainda é um gênero que puxa muito da Europa da idade média, ao passo que a locomotiva a vapor é um símbolo forte da modernidade. Ainda assim, nunca questionei um símbolo do tipo em, digamos, Harry Potter, que é bem "medieval" no restante de seu cenário fantástico.
Fábio "Mexicano"-
Fantasia contemporânea é uma salada de elementos da idade média, moderna (principalmente vitorianos) e contemporânea. Alguns puxam elementos da antiguidade também. Se existe um motivo ou um precursor para isso eu não sei.
Vinicius Marino
O "motivo" é o movimento pré-rafaelita, uma vanguarda artística da era vitoriana que pregava um retorno à Idade Média. Muito do que hoje associamos ao mundo medieval (e à fantasia medieval de uma forma mais ampla), veio na verdade das reimaginações desses artistas. Que viviam eles próprios em um mundo "dividido": sonhando com um passado bucólico, mas vivendo na Inglaterra do vapor, carvão e industrialismo.
Fábio "Mexicano"-
Vinicius Marino-
Os próprios
Gato de Ulthar-
Gostei do rumo artístico deste tópico! Aprecio bastante os trabalhos dos pré-rafaelitas. Mas bem, em universos mágicos contemporâneos é realmente comum o uso destes elementos aparentemente anacrônicos. Como se os mundos mágicos aceitasse a tecnologia apenas até certo ponto do desenvolvimento técnico.
Deixando isso um pouco de lado, vamos encerrando esta converta com um último questionamento. Na opinião de vocês, quais serão os próximos passos do animes? Será que aumentará o nível de ação? Elias abrirá o jogo com Chise sobre seu passado? Será que o anime manterá o mesmo estilo narrativo que manteve até o momento?
Fábio "Mexicano"-
Dado o final desse episódio, eu tendo a preferir um pouco de ação, mas duvido que o anime vá entregar. Deve ter uma resolução rápida, como foi o caso do dragão - a diferença é que aqui eles realmente são antagonistas, mas mesmo assim não espero muito. O que é ok também. Adoraria que o Elias esclarecesse mais coisas para a Chise (e para mim!), mas também não duvido que ele dê um jeito de enrolar.
Vinicius Marino
Vou me poupar de falar sobre o enredo, pois já sei aonde a história vai. Em termos de adaptação, no entanto, gostaria que o anime tivesse um pouco mais de confiança no passo lento do seu material de origem. Também espero tomadas deslumbrantes. A cena de Chise caminhando no lago foi um ponto forte da série até agora, e não imagino que será o último.
Diego-
Eu espero menos ação, para ser sincero, e um rumo maior na direção de um slice of life que explore a relação da Chise com o Elias. E claro, espero respostas sobre o monte de mistérios (ok, só um) que estão no ar agora.
Gato de Ulthar-
Então, acho que terminamos por aqui o debate sobre o episódio 4 de Mahoutsukai no Yome. Que conclusões eu posso fazer de nosso debate? Bom, creio que este episódio deu muito pano pra manga, rendendo boas discussões sobre os personagens e suas ações. Mas acho que uma coisa é unânime, o anime ainda é uma das melhores estreias da temporada, mantendo um nível de qualidade alto, mesmo tendo um problema ou outro. Assim ficamos por aqui e até a próxima semana!
E deixo vocês com a Chise fazendo sua magia da vez!
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