Café com Anime - Mahoutsukai no Yome Episódio 5


Bem vindos ao Café com Anime! Será que o quinto episódio de Mahoutsukai no Yome rendeu uma boa discussão? Creio que sim, mas você podem conferir lendo nosso bate-papo! Asseguro que esse foi um episódio com algumas coisas diferentes do que foram mostradas até agora, principalmente quanto as ações da Chise.

Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. Se você tem interesse em entender melhor o projeto, recomendo que leia a postagem introdutória da inciativa: 

Café com Anime - Uma nova iniciativa do Dissidência Pop para esta temporada de Outono de 2017

O Dissidência Pop ficou responsável por publicar nossas conversas sobre o anime Mahoutsukai no Yome, enquanto o É Só Um Desenho ficou responsável por Kino no Tabi: The Beautiful World. Já o Finisgeekis publicará nossa conversa sobre Girl’s Last Tour. E no Anime21, temos as discussões sobre Children of The Whale e Animegataris.


Também é possível acompanhar o Café com Anime e as conversas publicadas por aqui: Análises Semanais - Café com Anime, onde há um menu para acessar todos os episódios analisados, a medida quem forem lançados.

Vamos ao que interessa, e fiquem com a nosso conversa do 5º episódio de Mahoutsukai no Yome:



Gato de Ulthar

Bem vindos ao Café com Anime! Vamos falar um pouco sobre o quinto episódio de Mahoutsukai no Yome. Bem, vejamos... Uma grande conclusão para o arco do País dos Gatos! Logo no começo do episódio vimos que a Chise não é apenas uma mosca morta esperando ser salva, ela ativamente lutou contra seus captores! Fora isso, foi um episódio que mesclou momentos bonitos e melancólicos com uma boa dose de "gore". Em algumas partes este episódio foi realmente brutal, principalmente na parte da luta dos gatos:

Fábio "Mexicano"-

Finalmente o anime que eu esperava ver desde o começo!
Não consigo começar a imaginar como deve ser a sensação que a Chise sentiu no final desse episódio. A vida toda dela ela só soube o que era culpa, ela sempre foi um fardo para os outros, alguém que não deveria existir. Mas, dessa vez, pela primeira vez, ela não é apenas útil, mas o que ela fez ali só ela poderia ter feito. Isso é mais libertador do que qualquer outra coisa.

Diego-

O episódio foi... bonito? Digo, visualmente ele definitivamente foi. Mas não posso dizer que me importei muito com o casal enganado, e bem francamente quer ele fossem apagados ou salvos a minha reação provavelmente seria a mesma. Eu ia, porém, ficar bem triste se a gata morresse, então fico feliz da Chise salvar a todos :smile: Agora, eu me pergunto se eventualmente veremos aquele... feiticeiro? (não lembro como ficam os nomes em português) de novo. Só pela satisfação que um espinhos abraçando a cara dele traria.


Gato de Ulthar

Parece que o Fábio curtiu este episódio :). Nada que uma Chise tomando algumas atitudes não dê jeito! Já o Diego possui um coração de pedra! Eu fiquei com pena do pobre casal... Mas fiquei muito puto com o feiticeiro metido a besta. Fiquei chocado quando a moça simplesmente virou geleia...

Fábio "Mexicano"-

Sim, primeiro episódio para o qual dou nota 10/10

Vinicius Marino-

10/10. Melhor cena de amor do ano.

Fábio "Mexicano"-

Essa cena foi muito gratuita. Não pareceu que ela estivesse com mais do que um corte superficial. Mas acho que é ok para quem tem fetiche por caveiras

Vinicius Marino-

Em nota mais séria, o anime finalmente começa a criar os alicerces para que entendamos suas personagens. Vocês já comentaram do desenvolvimento da Chise. Pessoalmente, acredito que o Renfred, o feiticeiro, fez uma pergunta crucial: se o Elias não é humano, será que seus sentimentos são de fato humanos? Como decifrar as intenções de alguém que não pensa como um ser humano?

Gato de Ulthar-

Acho difícil saber o que é o Elias. Será que ele não é mais humano? Ou ele apenas possui uma cabeça de caveira enquanto o seu interior é humano? Acho que o anime irá trabalhar um pouco destas questões futuramente.
Quanto a lambida do Elias, acho que a saliva dele possui propriedades curativas, não pensem malícia....

Diego-

Sobre a lambida, entendi o mesmo que o Gato. Tanto que após ela só ficam algumas marcas leves de sangue: o corte em si parece ter desaparecido. Já sobre a humanidade do Elias, resta saber se ele já foi plenamente humano alguma vez ou se ele, por algum motivo, já nasceu como é (se é que isso é possível nesse mundo)

Fábio "Mexicano"-

Acho que ele era um esqueleto monstruoso, que por acidente mágico acabou tendo parte do corpo transformada em humana

Vinicius Marino-

O próprio Elias se identifica como "Pilum Murialis", o que é meio estranho. O termo significa "lança de muralha" e se refere a um tipo de estaca usada pelos romanos para fazer paliçadas. Imagino que tenha alguma relação com o fato dele ser feito de espinhos, embora me pareça ser um estrangeirismo bem livre, considerando a semântica original.

Fábio "Mexicano"-

Se a Chise pode ser aquele goblin que o Gato compartilhou aqui semana passada, não vejo porque o Elias não possa ser uma estaca de madeira

Vinicius Marino-

Fucando meu dicionário de latim aqui, encontrei uns nomes muito mais legais que eu usaria se fosse a autora. "Rex Aculorum" (o rei dos espinhos). "Vepris Magnus" (o grande espinho). "Umbra Spinarum" (a sombra dos espinhos).
Mal aí: hábito de RPGista. Lembro-me de quando eu tinha um grupo, e a gente ficava traduzindo o nome das magias de D&D:grin:

Fábio "Mexicano"-

Eu usava um gerador de nomes online. Na verdade o mestre da mesa tinha impresso várias combinações do gerador pra gente consultar, porque ninguém tinha internet na palma da mão na época. Aparentemente os nomes eram inseridos por quaisquer pessoas, e não passavam por um controle muito rígido, porque além de um monte de combinações medievalóides, nomes bem aceitáveis, tinha também o Crix Pau-no-rêgo


Gato de Ulthar-

O engraçado é que o próprio Elias falou que o tipo de magia dele "das trevas" ou dos "espinhos", não é compatível com a magia da Chise, que possuiria uma natureza distinta, algo mais de "luz".
Só uma aleatoriedade que está na minha cabeça, será que alguém algum dia e em algum lugar já foi morto por gatos?

Fábio "Mexicano"-

"Well, cats have killed people through infection, and, tragically, through falling asleep on the face of a baby, but could a cat ever emerge victorious in mortal combat against a healthy human? According to Brian Palmer at Slate, it doesn't appear to have happened in recorded history, but just because something hasn't happened doesn't mean it can't.": https://www.vice.com/en_us/article/zngvw3/we-asked-a-cat-expert-whether-your-cat-could-kill-you-if-it-tried-220
Frank J. M. Verstraete knows everything there is to know about the teeth and jaws of cats. If anyone can figure this out, it's him.
Basicamente, a resposta é "não". Gatos não têm força no maxilar suficiente, não têm dentes capazes de dano suficiente, não têm a capacidade de executar movimentos complexos com o maxilar para dano extra, e provavelmente não têm instinto assassino o suficiente também.
Mas leia a entrevista, é divertida ^^

Vinicius Marino-

Há um livro sobre isso também :joy:
Bastante irônico de uma perspectiva evolutiva, considerando que, na pré-história, grandes felinos estavam entre os maiores predadores de homens primitivos

Fábio "Mexicano"-

Os grandes felinos ainda são predadores do ser humano! Principalmente tigres. Mas os gatinhos são só bolas de pelo fofinhas, mesmo quando em estado feral e aos montes, eles não vão atacar. Bom, talvez uma mãe morda bastante os pés de alguém se aproximando de sua prole, mas em qualquer outra circunstância eles vão apenas fugir, talvez dando um arranhão ou uma mordida inofensiva (ainda que dolorosa) antes.

Diego-

Na verdade, toda essa conversa me faz pensar se existe algum filme de terror sobre gatos assassinos XD Mas bom, em todo caso eu não me aproximaria de um felino raivoso. Mesmo que não termine morto, arranhões não são nada divertidos.

Gato de Ulthar-

Um gato talvez não seja capaz de matar um humano, mas um grupo de gatos conseguiria dar cabo de um humano? Acho que nunca saberemos a resposta até acontecer... De qualquer forma, acho que a força do primeiro rei dos gatos advém de seus poderes "místicos". Não é dito no anime que eles tem outra habilidade além da fala, do raciocínio apurado e o mais importante, terem 9 vidas. Entretanto, os gatos de Ulthar originais de Lovecraft eram mais poderosos que um gato comum, inclusive sendo capazes de visitar o plano astral da lua e enfrentar gatos venusianos....

Fábio "Mexicano"-

Gatos terrestres que vão para a Lua enfrentar gatos venusianos, parece divertido

Vinicius Marino-

Não vou dizer que seria um anime melhor que Mahoutsukai no Yome, que já é muito interessante e agrega uma quantidade impressionante de referências. Mas seria um anime muito melhor que boa parte do que se vende por "fantasia" na mídia.

Gato de Ulthar-

De fato.... Mudando um pouco de assunto. Quando a Chise escapa da garota que estava segurando a faca no seu pescoço, e inicia o ritual de purificação, o feiticeiro Ranfred e a própria garota ficam apenas olhando, não tentam interferir, nem vão embora, pelo menos não quando estão aparecendo na tela. Será que o feiticeiro não tem poder suficiente para peitar o Elias sem usar a Chise como Refém? Gostaria de ter "visto" eles saírem de cena. A Chise se livra deles e pronto, todo mundo os esquece.

Fábio "Mexicano"-

Pelo que entendi é isso sim, eles não tem nenhuma chance contra o Elias, principalmente quando ele tem sombras de onde projetar seu poder. No começo tudo funcionou porque pegaram a Chise mais rápido do que ele pôde perceber.

Diego-

Eu só imagino que o Elias deu cabo dos dois enquanto a Chise tava ajudando as duas almas penadas. Acho que de maneira geral feiticeiros devem ser mais fracos que magos, embora esteja falando isso sem base nenhuma.

Fábio "Mexicano"-

Acho que o Elias não foi fazer outra coisa enquanto a Chise viajava nas memórias alheias. Imagino ele ali a protegendo e vigiando o tempo todo, com toda sua atenção.
Notável como esse foi o primeiro episódio que não teve nada, sequer oblíquo, que lembrou a Chise de seu passado. Também foi o primeiro em que ela se sentiu útil, como eu já disse, então me parece que esse episódio foi um ponto de inflexão na série


Vinicius Marino-

Eu acho que isso é inevitável, seja por razão de verossimilhanca, seja por interesses narrativos. Conforme a Chise mergulha nesse mundo exótico, terá menos tempo para reminiscer e mais para se posicionar diante de tudo o que a cerca. Um anime cuja protagonista não pare de se lamentar de coisas que já conhecemos seria bem chato. Para um anime fantástico como esse, com uma lore riquíssima, seria imperdoável.

Gato de Ulthar-

Acho que este episódio foi mesmo um "ponto de virada" para Chise. Ela vai continuar relembrando o passado, principalmente sua relação mal desenvolvida com a mãe? Provavelmente sim, isto é inevitável, mas progredindo como personagem ela deve superar esses problemas e focar nos novos objetivos que ela possui na vida.

Fábio "Mexicano"-

Por isso gostei tanto do episódio! É um pequeno começo, mas a partir daqui dá para dizer que ela está evoluindo

Vinicius Marino-

Outra característica importante a se mencionar é que Mahoutsukai no Yome não é um anime episódico stritu sensu. Personagens secundárias são recorrentes. Vimos isso com a Ariel nesse episódio, e com o padre Simon na prévia do próximo. Com o tempo, começará a tecer relações também com essas pessoas - e elas próprias, como personagens, serão desenvolvidas. Isto tende naturalmente a uma evolução.

Gato de Ulthar-

É justamente isso que eu espero, a formação de um elenco interessante, cada um com suas características próprias e dramas. Estou curioso para conhecer um pouco mais da Angelica e e da relação com a filha dela, que parece muito conturbada.

Diego-

Nunca esperei que fosse um anime episódico, para ser bem sincero. E ele nunca me soou como um: até aqui me parece que ele só fez introduzir personagens que eu definitivamente espero ver novamente. Talvez por isso eu tenha esperança de rever esse feiticeiro em algum momento futuro (e vê-lo ser abraçado pelos espinhos do Elias :smile: )


Gato de Ulthar-

Uma coisa que quero perguntar é se vocês acharam válido, ou convincente, a motivação da Chise ao se rebelar contra os captores. Não estou julgando ela, só quero saber vossas opiniões. Ela não se importou com as coisas que o Ranfred falou sobre o Elias, mas deu mais valor para o fato dele ter acolhido ela como um membro de sua família, coisa inédita para ela. Será que posteriormente ela indagará Elias sobre o assunto ou levará isso a sério em algum momento?

Vinicius Marino-

Acho válido e convincente, embora não seja a decisão que eu tomaria. Há aqueles que consideram a liberdade como um fim em si. Há outros que aceitam perdê-la em nome do conforto, do senso de pertencimento, de um propósito. Mais do que isso, há quem argumente que, se os grilhões não são visíveis, nós continuamos livres, mesmo se estivermos "presos".
A Chise não me parece ter nada a "perder" no momento atual. Se o cativeiro de Elias lhe impuser contrapartidas, talvez vejamos isto mudar.

Fábio "Mexicano"-

Posso ser chato e falar que é só Síndrome de Estocolmo? :smile:
Mas bom, claro que é mais complexo do que isso, muito mais. A Chise antes do Elias não via um propósito na vida, literalmente, e de fato achava que viver em si a causava tanta dor que estava inclinada a abrir mão de si mesma. Tudo isso mudou com o Elias. Por causa do mago? Acho razoável assumir que o que ela se apega mais à ideia de um Elias que lhe oferece conforto e um lar do que ao Elias em si. E ela está disposta a se apegar a essa ideia, mesmo se ela for uma mentira. Não é como se ela soubesse o que é verdade e o que é mentira depois da vida miserável que teve, ou como se esses valores compusessem sua escala moral fundamental. Enquanto ela encontra um propósito na vida por si mesma, suponho que começará a questionar se o Elias de fato é o mesmo da ideia de Elias que ela tem.
E isso contrasta com a proposta de escravidão que o feiticeiro lhe ofereceu como saída em primeiro lugar: a oferta que ele fez para a Chise foi de que ela se entregasse a alguém que lhe desse propósito, qualquer um. Elias a comprou, mas para além de coisas vagas como torná-la sua aprendiz e carregá-la por aí, ou mais vagas ainda como fazer dela sua noiva e dizer que o passeio que estão fazendo é sua "lua de mel", ele não deu a ela propósito nenhum. A primeira vez que ele pediu para ela fazer algo ("vá lá e purifique isso daí") a deixou terrivelmente ansiosa, com medo de fracassar. Conseguiria, Chise, atender o propósito que Elias finalmente lhe deu? Não só ela conseguiu, como no processo descobriu que isso era muito mais do que apenas um pedido do mago e se apropriou desse propósito para si mesma. Ela sentiu pelas pessoas e pela gata, ela pensou e decidiu por conta própria.
(para o bem ou para o mal é impossível não retornar o tempo todo ao tema "escravidão", hehe)

Diego-

Eu acho a motivação consistente com a personagem - ela já havia feito algo parecido no episódio 1 ao rejeitar as fadas, vale lembrar. Mas concordo com o Fábio que há um pouco de Síndrome de Estocolmo ai. O Elias pediu que a Chise se deixasse depender dele, e pelo visto ela está disposta a acatar esse pedido. Se é ou não o melhor para ela é a história que vai nos dizer, mas eu gostaria que a resposta fosse que não. Não gostaria que o Elias se revelasse traiçoeiro ou coisa do tipo, só gostaria que a Chise encontrasse valor em si mesma, e não em outra pessoa, e com sorte é o caminho que a história tomará eventualmente (eu espero)

Vinicius Marino-

Vocês conhecem a história de Pigmaleão? É um escultor da mitologia grega que se apaixonou por uma de suas estátuas. A obra recebeu toda sorte de adaptações, incluindo uma peça do dramaturgo G. B. Shaw, vencedor do nobel de literatura.
O drama da lenda é que Pigmaleão consegue fazer sua "obra" ganhar vida. Porém, uma vez independente, ela passa a desenvolver vontade própria. Surge então o conflito: deveria ele deixar sua "criatura" seguir seu caminho, ou forçá-la a viver com ele? A última opção seria mesmo possível - i.e. não é parte essencial de um indivíduo ser capaz de tomar suas próprias decisões?
Mahoutsukai no Yome parece uma história muito mais singela que essa. Não só o anime, mas mesmo o que foi desenvolvido do mangá até aqui. Porém, não excluo a possibilidade de que a relação entre Chise e Elias enverede por esse caminho.

Fábio "Mexicano"-

O Elias é o Pigmaleão no caso. A história deveria focar um pouco mais nele para isso ser realmente possível, e não sei se acho tão interessante assim, mas não parece ruim também


Gato de Ulthar-

Bom, creio também que as coisas podem ser mais simples do que isso. Chise deu um voto de confiança para o Elias, o que é plenamente aceitável, vista a vida pregressa dela, onde sofreu horrores, até de familiares pelo que parece. De qualquer forma, só o futuro dirá que caminho Mahoutsukai no Yome tomará, então poderemos ver de que forma evoluem Chise e Elias como personagens.
Então, fiquemos por aqui! Acho que eu, como todos, espero ansioso o próximo episódio de Mahoutsukai no Yome.
Para finalizar, deixo com vocês o feiticeiro mais filho da p%$# do anime:

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