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Gato de Ulthar
Café com Anime - Mahoutsukai no Yome Episódio 6
Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. Se você tem interesse em entender melhor o projeto, recomendo que leia a postagem introdutória da inciativa:
O Dissidência Pop ficou responsável por publicar nossas conversas sobre o anime Mahoutsukai no Yome, enquanto o É Só Um Desenho ficou responsável por Kino no Tabi: The Beautiful World. Já o Finisgeekis publicará nossa conversa sobre Girl’s Last Tour. E no Anime21, temos as discussões sobre Children of The Whale e Animegataris.
Também é possível acompanhar o Café com Anime e as conversas publicadas por aqui: Análises Semanais - Café com Anime, onde há um menu para acessar todos os episódios analisados, a medida quem forem lançados.
Gato de Ulthar-
Uau! Tenho tanta coisa para falar sobre esse episódio que vou fazer um apanhado geral. Primeiramente, o anime continua mantendo seu bom nível de qualidade.
Para quem estava reclamando que o Elias escondia as coisas para a Chise, ele liberou total neste episódio! De uma maneira dura e crua! Porém sincera ao meu ver.
Ficou dito que Elias não é humano, nem fada, nem espírito, nem mais sei lá o que... Isso é importante? Creio que sim, já que um dos seus objetivos é "tentar" compreender os humanos, além de se beneficiar do manancial de poder que a Chise representa.
Ranfred não parece um cara tão mal assim, e aquele feiticeiro mau do País dos Gatos não era só um coadjuvante qualquer.
A construção do mundo mágico continua fantástica e lindíssima! A rainha das fadas e seu cortejo foi muito belo, ainda mais por tirar inspiração da obra "Sonhos de uma noite de verão" de Shakespeare, onde Titania é realmente a rainha das fadas e Obreron, o sátiro, é seu marido. E "Tír na nÓg", o país das fadas, no anime, foi retirado diretamente da mitologia irlandesa.
Foi também o episódio que mais deixou explícito o latente romance de Chise com o Elias, com uma boa dose de humor.
E outra coisa que prendeu muito a atenção foram os dotes físicos da rainha das fadas...
Fábio "Mexicano"-
Primeiramente, devo concordar com Titânia. Aquele fada de pedra era mesmo meio duro:
A construção de mundo está muito interessante e parece que ainda falta muito para o anime apresentar. Os feiticeiros não são todos igualmente horríveis, esse tipo de nuance é legal de se ver. De negativo, acho que a Chise está desenvolvendo sentimentos românticos pelo Elias muito do nada, muito sem fundamento - se fosse para fundamentar, ela teria mais razão para temer ele do que qualquer outra coisa.
Vinicius Marino-
Esse é um dos meus arcos favoritos do mangá, em grande parte em razão da Titânia. Não seus dotes físicos (embora o anime tenha feito um close suspeitamente longo deles), mas porque "Sonhos de uma Noite de Verão" é minha comédia favorita do Shakespeare, e o episódio capturou bem seu humor. Até lhe deram um asno, em referência ao "Bottom", personagem da peça!
Também é um episódio que eu estava torcendo para vir, pois, como o Gato bem disse, ele responde muito das perguntas até agora. Acho que o mais central é o fato do Elias não saber "ser humano". Não só ele não é uma "pessoa" no sentido estrito, como ele também não tem sentimentos (ou, ao menos, não sabe demonstrá-los). Ele se parece um cara acolhedor, mas no fundo está apenas emulando o que um humano normal faria.
Isso ainda vai evoluir muito (e ele mesmo não permanecerá o mesmo). Mas acho que é a resposta de por que seus comportamentos são às vezes tão bizarros. Ele não é capaz de considerar o sentimento dos outros, tampouco de ver a gravidade de algumas ações (o banho forçado na Chise no primeiro episódio, ou mesmo o lance do leilão).
Diego-
Eu quero só começar dizendo que o cortejo da Titânia estava muito bom, até o anime resolver focar nos peitos de gelatina da rainha e toda a solenidade e seriedade do momento ser atirada pela janela. Mas agora que tirei isso do caminho, vou dizer que o episódio foi bem interessante. Finalmente tivemos algumas explicações com relação ao Elias e a o que de fato ele é, embora a resposta só levante ainda mais perguntas - afinal, como será que ele nasceu? Sobre a Chise estar apaixonada, acho que é só síndrome de Estocolmo mesmo (ok, não, mas é MUITO difícil não fazer o paralelo, honestamente). Mas vou dizer que gostei de como a Chise disse que o olhar do Elias a lembrava de uma criança: talvez com o passar do tempo os papéis se invertam um pouco a Chise é que sirva de "mentora" para o Elias aprender os sentimentos humanos.
Gato de Ulthar-
Elias é praticamente um robô tentando emular os sentimentos humanos. Isto é um mote frequentemente utilizado em obras de ficção científica. Interessante Mahoutsukai no Yome enveredar por este caminho narrativo.
Agora é um fato, se não fizerem nada, Chise vai morrer em três anos. Por sorte, Elias pretender fazer experimentos com ela. Todos esperamos que ele deem certo! Elias pode ser "bom" com Chise, mesmo que ele não consiga definir o que sinta realmente, mas ele, como um mago poderoso, não deixa de querer se aproveitar do poder da menina, seja como um experimento científico ou como uma fonte inesgotável de poder mágico. Ranfred estava completamente certo quando definiu o mago, ele só usou termos mais duros do que os usados pelo próprio Elias quando explicou as coisas para Chise.
E um outro ponto, como bem lembrou o rei Oberon, Elia possui uma natureza muito perigosa, que acho que já ficou evidente ao analisarmos a própria abertura do anime... Além disso, foi dito pelo soldadinho de pedra que Elias já causou a morte de muitos espíritos e humanos. Seria interessante o anime explorar mais o passado do mago.
Fábio "Mexicano"-
Se não foi erro de tradução, Renfred disse que o Elias não poderia voltar a ser fada. Isso implica que ele um dia já foi uma fada. Nesse caso, por que deixou de ser? Tem a ver com a irritação do Spriggan?
Não que eu queira que o anime corra para responder isso, só achei bom mencionar já que vocês estão falando sobre a natureza do Elias - é um dado bastante importante, afinal.
Vinicius Marino-
Eu entendi dessa forma também. O Elias já pertenceu "àquele mundo", mas conseguiu saltar a "este mundo". De maneira que se tornou uma criatura limítrofe, estranha tanto às fadas quanto aos humanos.
É relativamente comum na mitologia humanos e fadas (no sentido genérico, como crias dos Velhos Deuses) desafiarem essa barreira. Às vezes com resultados trágicos.
Aliás, em muitas mitologias há também criaturas limítrofes, "divinas" em natureza (no sentido pagão da coisa), mas capazes de interagir, misturar-se e procriar-se entre humanos. Às vezes, até possuidores de fraquezas humanas, quando não da própria mortalidade.
Gato de Ulthar-
Seres míticos que se envolvem com seres humanos é um tema realmente comum na mitologia, vide Zeus, do panteão grego, esse gostava de fecundar das mais diversas formas as humanas pelas quais sentia atração...
Também é relevante a questão de como o Elias é odiado por todos, pois é um estrangeiro tanto para os humanos como para os seres místicos, pois ele está no limbo.
Só impressão minha ou pareceu que o Ranfred estava sendo manipulado ou era um subordinado daquele feiticeiro malvado do País dos Gatos? Também me deixou curioso o fato dele ter perdido o braço, o que foi lembrado pelo Elias.
Fábio "Mexicano"-
Pelo que entendi, pareceu-me que ele estivesse sendo perseguido ou chantageado pelo mago matador de gatinhos
O Elias diz não ter ou entender sentimentos, mas hipoteticamente isso pode ser compreendido justamente por ele não ser aceito por ninguém. Se aceitarmos que sentimentos são coisas que sentimentos pelos outros e eles podem sentir por nós, não pertencer a lugar nenhum é uma limitação enorme para se desenvolver sentimentos. Como a própria Chise é uma pessoa-que-não-pertence, o ciclo se fecha. Ainda acho que ela é o lado "fraco" da história de várias formas e não gosto desse tipo de relacionamento, que me parece inerentemente abusivo, mas posso entender da onde ele vem agora.
Diego-
Ao menos o Elias que salvar a vida da Chise, então... yey? Já sobre o feiticeiro baixinho, não sei dizer se ele estava perseguindo o Renfred ou se ele estava apenas olhando o que iria acontecer com o casal amaldiçoado. Talvez um pouco dos dois. Bom, se encontrarmos o Renfred novamente e ele tiver perdido ainda outro membro, vai ser fácil deduzir o que aconteceu rs
Gato de Ulthar-
Só para divagar um pouco sobre a relação do Elias com a Chise. Vocês acham que o Elias contaria toda a verdade para ela caso não fosse a intervenção do Ranfred? Ele se viu obrigado a revelar tudo, foi o mais sensato a se fazer, já que a Chise descobriu informações entrecortadas, então é melhor isso do que deixar apenas informações fragmentadas para a Chise.
Fábio "Mexicano"-
O anime pode ser visto como uma busca do Elias por sua própria humanidade. Enquanto ele não a possui, é um ser amoral, fazendo experimentos com os outros sem pedir permissão. Em sua experiência com a Chise ele ainda não matou ninguém, mas a forma como outros personagens o tratam, humanos e fadas, me faz crer que sua contagem de cadáveres possa ser maior que a do feiticeiro que mata gatinhos em busca da vida eterna. Talvez a diferença entre os dois seja mais de idade, e a sabedoria que vem com ela, do que de caráter. Não sei dizer se o Elias pretendia contar algo para a Chise, mas pelo que entendo dele o mais coerente seria não contar.
Mas como par romântico eu tenho certeza que ele sempre será pintado em cores bonitas e a Chise sempre irá aceitá-lo, mesmo em seus eventuais pecaditos. Exibir outros personagens piores é uma forma de mascarar o quão sinistro o próprio Elias pode ser. No final, devemos torcer por ele, apesar de tudo
Vinicius Marino-
Sou um pouco menos cínico que o Fábio (quiçá por ter meu julgamento colorido pelos acontecimentos do mangá). Mas acho seu balanço apropriado para o que sabemos até agora. O Elias realmente é uma criatura amoral, que não se sente coagido pelas consequências morais de guardar segredos. Acho que sem dúvida o episódio de Renfred o apressou. Do contrário, não excluo que viesse a desempenhar um papel como a do Kyubei em Madoka: contando "casualmente" os termos de seu pacto faustico na medida em que as garotas mágicas são ferrada por causa deles.
Diego-
Sinceramente, eu achei que ficou bem claro que o Elias não tinha a menor intenção de contar qualquer coisa que fosse pra Chise, e só contou porque o Renfred o dedurou. Por outro lado, não me pareceu que ele tem uma longa lista de corpos que deixou para trás, francamente falando. A fala daquele mini-golem ranzinza mais me soou como um preconceito contra seres como o Elias, que causaram destruição no passado, e no máximo eu diria que se o Elias causou alguma morte provavelmente foi de forma não intencional. Enquanto ele não tem emoções - ou no mínimo não sabe expressá-las - ele também não me parece do tipo que sairia matando por ai indiscriminadamente.
Gato de Ulthar-
Sem dúvidas, muito provavelmente ele não era um assassino em série ou algo do tipo, no máximo se envolveu com alguma coisa que acabou gerando uma tragédia não intencional. Interessante que foi dito que as criaturas místicas são mortas ou destruídas como efeitos colaterais do que é causado diretamente aos humanos.
Outra coisa interessante que quero compartilhar com vocês diz respeito a questão dos "deuses antigos". Quando Titania se aproxima do pare e sente um cheiro de uma divindade estrangeira, ela prontamente o expulsa do lugar. Creio pra mim que foi uma espécie de demonstração de ressentimento ao cristianismo, que muito tempo atrás teria "expulsado" os deuses antigos da bretanha, para dar lugar à divindade onipotente de origem semita.
Também ficou interessante que os deuses e criaturas místicas originais daquela região não foram completamente destruídos ou expulsos, apenas ficaram reclusos nas florestas e nos bosques, além de seus próprios reinos místicos. Acho que isso demonstra um pouco o fato de que mesmo cristianizados, esses povos, como muitos outros, mantiveram aquela religiosidade popular do cotidiano, com a presença de fadas, gnomos, e outros seres mais.
Vinicius Marino-
A cristianização é uma questão histórica interessante. Hoje, nós geralmente a encaramos como uma disputa entre os deuses "antigos" e o "novo". É uma imagem que foi perpetuada desde pelo menos o movimento romântico no século XIX. É também o dilema exemplificado no livro "Silêncio" do japonês católico Shusaku Endo: como ser cristão numa terra que pertence a outras divindades?
Quando olhamos para histórias mais antigas, contudo, o cenário é o oposto. Os povos ex-pagãos da Europa fizeram um grande esforço para “adaptar” seus mitos ao cristianismo e mostrar que a cristandade é uma extensão de seus valores. Há casos de deuses transformados em santos e mesmo heróis míticos reinterpretados como profetas de Cristo. A literatura medieval, em especial, é peculiarmente tolerante a mitos desse tipo.
Há um texto irlandês do século XII chamado Acallamh na Senórach (O Colóquio dos Anciões) que é um ótimo exemplo. Nele, São Patrício (o cristianizador da Irlanda) recebe uma ORDEM de Deus para viajar entre os pagãos e registrar suas histórias, pois elas carregam muita sabedoria que não pode ser perdida. Um belo contraste à Igreja inquisitória que queimava livros na era moderna!
Fábio "Mexicano"-
O mundo desse anime é fantástico, em sentido literal e metafórico, e ao mesmo tempo ele é confortável, porque não foge demais de mitos reais e tropos literários de fantasia. Acho que é por isso que o original tem o sucesso que tem é o anime não está decepcionando. Mas despido de sua ambientação, sua lore, ele é só um romance entre um homem maduro, rico e bem resolvido na vida, e uma adolescente que só conheceu sofrimento. Isso não os incomoda? Ou, para quem conhece o mangá, a história abandona a rota romântica? No anime o romance pode ser secundário em cada arco mas tem sido uma constante e vem crescendo. Considerando o passado da Chise, o Elias não precisava ocupar essa posição para o anime ter a carga emocional que tem. Ele poderia ser apenas uma figura paterna para ela, por exemplo - e verdade seja dita, às vezes ele é, e ser as duas coisas simultaneamente é ainda mais perturbador. Outra alternativa seria a Chise já ser adulta. Não acham que Mahoutsukai poderia ser melhor com alguma alteração pequena dessas?
Diego-
Considerando a vida horrível que a Chise teve, não me pareceria nem crível ela chegar à vida adulta sem acabar se matando, sendo tristemente realista. Mas é, o Elias ficaria bem melhor como uma figura paterna do que como um marido. Dito isso, não é realmente algo que me incomoda. É anime, afinal de contas, e a mídia já nos brindou com coisas MUITO piores.
Fábio "Mexicano"-
Não adaptaram o timeskip de Usagi Drop, às vezes anime acerta mais que o original
Vinicius Marino
Bom, no mangá, Elias e Chise ora demonstram um interesse romântico platônico, ora um amor paternal, ora um amor maternal. Até o momento atual (volume 7) não demonstraram nenhum afeto remotamente sexual. A Chise também forja relações fortes com outras personagens, uma das quais será introduzida no próximo capítulo.
Se isso me incomoda, a resposta é não. Sou da opinião que não é dever da obra se constranger em função dos tabus do público. Aliás, se fosse, não existiria arte. Pelo menos, nenhuma arte que falasse de coisas interessantes. Um anime cujas personagens ajam de acordo com meus valores pode ser um anime que me agrade mais, nunca um anime "melhor" por conta disso.
Sei que o Fábio está prestes a mencionar Usagi Drop de novo, então me adianto: o problema de UD (e Showa Genroku Rakugo Shinjuu 2) foi que isso caiu do nada. Foi um twist gratuito inserido nos 45 do segundo tempo. Compare isso com Lolita do Nabokov, que se tornou um dos maiores clássicos da literatura.
Gato de Ulthar-
O Vinicius trouxe um ponto bem interessante. Uma obra não pode ser "freada", se é que eu posso usar esse termo, pelos tabus e intolerâncias dos que a usufruem. A questão da escravidão, o do relacionamento entre os protagonistas, podem até ser um pouco chocantes, mas são coisas que acontecem, nós querendo ou não, e isso é que torna tudo interessante.
E acho que Mahoutsukai aborda isso muito bem, como o Vinicius disse, de uma forma progressiva e entendível , não de forma abrupta.
E particularmente não acho nada demais o que um sente pelo outro, é um progressão de sentimentos compreensível para alguém que nunca foi amada e só abusada e um ser sem sentimentos.
Fábio "Mexicano"-
Lolita é a história de um homem cada vez mais perturbado, à beira da loucura. O problema não é retratar, mas fazê-lo como se fosse algo bonito, normal, desejável
Concordo que quando surge do nada fica patente que é só fetiche. Mas sem uma justificativa, sem que pareça melhor e necessário, mesmo quando está lá desde o começo me parece fetiche. É nada contra fetiches, só não acho que sirvam às melhores histórias.
Vinicius Marino-
Lolita é contada do ponto de vista do homem perturbado. Somos levados a "simpatizar" com ele - e realmente o fazemos, pela habilidade do Nabokov como escritor. Essa restrição de que a coisa não pode ser mostrada como "bonita" é um tabu pessoal seu, que nada diz sobre o mérito da arte. Como dizia Oscar Wilde, a arte é amoral.
E mesmo que não fosse, na lista de "tabus" que tornam uma obra questionável a relação do Elias e da Chise é BEM leve. Mesmo para os padrões anime.
Diego-
(Lolita fica chato PRA CARALHO no meio, tho... Ao menos Mahoutsukai ta interessante ) Tabus não devem restringir o que se mostra ou não, mas é aquele negócio, nada vai agradar a todos. E ao trabalhar com tabus, abre-se uma grande margem a que mais pessoas não gostem da obra. Pessoalmente falando, não vejo a questão da Chise e do Elias como um fetiche, exatamente, vejo muito mais na linha de uma constante mal pensada. Toda história tem que ter um casal, então fazemos os protagonistas um casal, fim do raciocínio que levou a essa situação. Por isso eu acho que a relação parental teria soado bem melhor, seria diferente e de quebra faria muito mais sentido. Não é algo que me ofende, como parece que ofende o Fábio, mas é algo que me faz revirar os olhos um pouquinho. Concordo que está beeeeeeeeem pra baixo na lista de coisas questionáveis que animes já mostraram, mas ao mesmo tempo entendo quem não vá gostar.
Fábio "Mexicano"
Eu não quero restringir nada. Só estou dizendo que acho que algo que soe assim chocante e ao mesmo tempo não pareça ter uma justificativa plausível para estar lá, chocando, não me agrada. Pessoalmente, não acho o melhor possível. Eu gosto de coisas que fazem sentido, e nem por isso digo que tudo deva ter sentido. Se não tiver, beleza. Se chocar só por chocar, beleza. Se quebrar tabu só porque sim, beleza também. Não é o tipo de coisa que eu mais gosto, mas isso é problema meu.
Gato de Ulthar-
Em um passado mais ou menos remoto eu já fui muito religioso e notadamente puritano quanto aos atos alheios e os meus próprios, mas em questão de ficção nunca tive nenhuma repulsa em usufruir de material artístico tirando, claro, algo notadamente ofensivo como algumas parafilias e coisas do gênero.
Primeiro foi a questão da escravidão, agora do possível romance entre os protagonistas... Nada disso me incomodou, nem remotamente. Eu poderia criticar muitas cosias nos animes, mas não isso. Primeiro, não é raro na ficção personagens que se apaixonam por uma figura paterna, em Emma de Jane Austen, umas das mais famosas escritoras do Século XIX, a personagem Emma se apaixona por um personagem que ao longo da trama sempre exerceu uma função paterna mais do que qualquer outra coisa.
De qualquer forma, segundo a psicologia, na falta de uma figura paterna na infância, é normal para as meninas idealizarem um amor em uma figura que exerça o que ela pensa que é um papel paterno que lhe foi negado. Elias para Chise é um porto seguro, alguém que lhe dá abrigo e e conforto, sendo natural que ela confunda seus sentimentos em relação a ele.
Outro anime que aborda uma questão deste gênero é Gunslinger Girl, onde meninas são condicionadas quimicamente a obedecerem uma figura paterna. tirando o fato de uma indução química, em muitos casos essas figuras paternas são alvos de uma paixão platônica. Enfim, esse não é um mote raro na ficção.
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