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Gato de Ulthar
Café com Anime - Junji Ito Collection Episódio 5
Bem vindos a mais um Café com Anime, desta vez conversamos sobre o 5º episódio de Junji Ito: Collection. Na minha opinião, a primeira história adaptada neste episódio foi a melhor até agora, já a segunda, tivemos um pouco mais do polêmico Souchi. Para conversar um pouco sobre esse episódio, eu, Gato de Ulthar, juntamente com o Diego do É Só Um Desenho, o Vinicius do Finisgeekis e Fábio "Mexicano" do Anime21, nos reunimos do Café com Anime desta semana.
Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes.
Se você tem interesse em conhecer nossas expectativas para esta temporada, leio nosso post introdutório:
CAFÉ COM ANIME - ESCOLHAS E EXPECTATIVAS PARA A TEMPORADA DE JANEIRO DE 2018.Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes.
Se você tem interesse em conhecer nossas expectativas para esta temporada, leio nosso post introdutório:
Nesta temporada, o Dissidência Pop ficou responsável por publicar nossas conversas sobre o anime Mahoutsukai no Yome e Junji Ito: Collection, enquanto o É Só Um Desenho ficou responsável por Kokkoku. Já o Finisgeekis publicará nossa conversa sobre Cardcaptor Sakura: Clear Card-Hen. E no Anime21, temos as discussões sobre Violet Evergarden.
Também é possível acompanhar o Café com Anime e as conversas publicadas por aqui: Análises Semanais - Café com Anime, onde há um menu para acessar todos os episódios analisados, a medida quem forem lançados.
Gato de Ulthar-
Defino este episódio como uma montanha russa. Ele podia ter sido o melhor do anime até agora, mas acabou estragando tudo com uma péssima escolha da segunda obra adaptada. A primeira história, "O Conto Ininterrupto de Oshikiri" foi para mim o melhor conto do Junji Ito adaptado até o momento. A sensação de terror construída pouco a pouco, um enredo sobre um tema que me fascina, mundos paralelos, e um cliffhanger no último segundo criaram um produto final aterrador, eu vibrei enquanto a trama avançava. O que estragou foi mais uma adaptação de um dos contos o Souchi é o protagonista. Eu sei que ele possui muitos fãs, mas não consigo entender esse apelo todo para esse personagem, que vejo meramente como um alívio cômico do Junji para quando ele quer extravasar suas ideias mais absurdas que não podem ser usadas em histórias sérias.
Deixo a cena que definiu a segunda esquete, enquanto aguardo a opinião dos meus amigos.
Diego-
Meu deus do céu, eu nem sei por onde começar. Eu literalmente poderia fazer um ou mais artigos só dizendo quantas coisas imbecis havia só nesse episódio. Mas eu vou dizer o seguinte: como alguém acompanhando apenas o anime, até aqui eu fico com a impressão de que o Junji Ito é um autor que excede em seu traço, sendo capaz de retratar o estranho e o desconfortável com uma incrível riqueza de detalhes, mas que em se tratando da seriedade e da comédia ele falha miseravelmente.
A primeira esquete foi hilária. Um festival de estupidez tão grande que eu nem sei como descrever! Não ajuda que o episódio começa com o protagonista pensando algo na linha de "hum, aquela garota está agindo de forma diferente de ontem... a de ontem devia ser uma versão dela de outra dimensão!!!" Quem diabos chega a uma conclusão dessas?! kkkkkkkkkkkkkkkk Sério, cada frame dessa primeira esquete foi a melhor comédia não intencional que eu vi hoje. Por contraste, quando chegamos na segunda esquete, que é ai sim uma comédia, temos ainda outra história do chupa pregos que só pode ser descrita como desnecessária, baseada inteiramente num humor que eu esperaria de um gibi ruim para criancinhas, não de um autor de horror.
É justo julgar o Ito por essa adaptação? Quase certamente que não, mas ela certamente não me dá nem a mais remota vontade de chegar se quer perto dos trabalhos efetivos do autor.
Fábio "Mexicano"-
""hum, aquela garota está agindo de forma diferente de ontem... a de ontem devia ser uma versão dela de outra dimensão!!!" Quem diabos chega a uma conclusão dessas?!"
Quem já viu a si mesmo, além de outras pessoas simplesmente aparecerem e sumirem de sua casa. E aquela cena foi confusa, mas depois entendi que se passou justamente em sua casa. No lugar dele eu acho que pensaria o mesmo.
Diego-
O anime nos deu ZERO contexto de como ele chegou a essa conclusão. Pra começar, como ele sabia das dimensões paralelas?! Mesmo que ele constantemente veja assombrações na sua casa, sair disso pra "deve ser uma outra dimensão!" é um salto de lógica bizarro. Até achar que está enlouquecendo certamente viria antes.
Fábio "Mexicano"-
Ele explicou depois. Você decidiu que era ruim quando viu pela primeira vez, sem esperar a explicação. Que poderiam ser várias coisas eu não tenho dúvida. Mas achar que está louco e achar que existem dimensões paralelas conectadas a sua casa não são fundamentalmente diferentes.
Diego-
São sim: em um você acredita ter um problema psiquiátrico, no outro você definitivamente tem um
Fábio "Mexicano"-
Estamos falando de narrativa, não de psiquiatria (e mesmo assim discordo)
Gato de Ulthar-
Não posso conseguir discordar mais com o Diego. Primeiramente, o que importa como o protagonista suspeitou que havia um mundo paralelo, ou vários como acabou ficando provado? Não há importância alguma, ele poderia simplesmente ter lido um livro ou alguém podia ter levantado essa teoria, e ainda, como ocorreu no anime, ele podia ter observado fatos estranhos acontecerem na sua casa rotineiramente. É uma história curta, não há necessidade de dar todo esse background, quem lê procurando isso só pode se irritar, como foi o caso do Diego. É a narrativa de uma experiência, não um romance de 300 páginas, o que foge totalmente do caráter curto de um conto escrito ou de uma pequena one-shot ao estilo de Junji Ito.
Vai saber se o protagonista não achou que estava louco antes? Pelo que deu para observar, ele já havia vivenciando esses estranhos casos há muito, muito tempo.
Além disso, como ficou claro na esquete, há diversos Oshikiris, com diversos graus de conhecimento. Nem ao menos dá pra ter certeza se foi o Oshikiri do mundo considerado real que a salvou.
Fábio "Mexicano"-
Fiquei bem bolado com o final do conto, hahaha
Mas sim, ele pode ter pensado em mil teorias antes e, por qualquer razão, acha mais provável a de mundos paralelos.
A gente não sabe (e nem precisa saber) o passado dele.
Gato de Ulthar-
Esse é o ponto. O objetivo da história é não sabermos de quase nada, o mínimo suficiente para nos chocar, o que foi eficientemente alcançado com o finalzinho, com os pés de outro Oshikiri aparecendo sorrateiramente.
Talvez isso de falar do passado dele seria interessante se o Junji Ito fosse desenhar um volume inteiro ou mais com esse tema, mas como é uma one-shot, foi a melhor das abordagens.(editado)
E mesmo assim isso não é uma regra, pois em Uzumaki a gente começa não sabendo o que causa os eventos horripilantes baseados em espirais e terminamos o mangá ainda sem saber. Só o que é perceptível é que o padrão espiral é uma força mística/alienígena muito antiga, e olhe lá.
Diego-
Eu sinceramente não consigo achar chocante quando eu nem se quer consigo engolir nem por um segundo o que está acontecendo na tela. E esse foi o meu problema com essa primeira esquete. Curta ou não, ela é muito forçada, em parte justamente por não explicar um monte de coisa. Se pra vocês é isso que dá o charme do negócio, acho que não muito o que contra-argumentar, mas pra mim foi só engraçado ver o quão "try hard" foi o treco. É o problema de se focar mais em conceitos do que em literalmente todo o restante.
Fábio "Mexicano"-
Noite dos Mortos-Vivos não explicou nada também. Ok, é um apocalipse zumbi, não um horror psicológico, mas horror é horror. Acho que já discutimos isso noutro episódio, não? Horror não explica.
Diego-
"Horror não explica", e nisso voltamos ao meu problema com o gênero que já havia deixado claro desde as nossas expectativas da temporada, não? XD Dito isso, é claro que nem tudo precisa de explicação em uma história. Nesta, por exemplo, acho perfeitamente aceitável que a casa do moleque seja um portal pra outra dimensão, é o tipo de coisa que faz parte da premissa da história. Mas ai há também uma tonelada de perguntas que ficam em aberto porque a obra está mais preocupada com a sua premissa do que com qualquer outra coisa. E pra mim há um limite do quanto você pode deixar em aberto em uma história antes dela simplesmente deixar de ser crível.
Fábio "Mexicano"-
Além da casa dele ser um portal, o que mais faltou explicar? Nem tem mais nada além disso. Quero dizer, lógico, o outro-ele estava fazendo umas fórmula doida pra crescer e sem dúvida não explicaram nada a respeito, mas precisa? Se há infinitas dimensões paralelas, há infinitas possibilidades. Em alguma delas haveria uma versão do protagonista que é um cientista louco. Além disso, faltou explicar mais alguma coisa?
Diego-
Pior que a pesquisa do cara é a coisa que mais faz sentido nesse episódio. A gente vê que no mundo "normal" o valentão lá implica com o moleque por ele ser baixinho, então num universo paralelo esse tipo de implicância levá-lo a querer desenvolver um soro que o torne mais alto faz algum sentido. Surpreendentemente é justamente a coisa que o anime resolve deixar uma explicação lol. Meu problema é mais com o quão ridiculamente artificiais são os personagens e as situações nas quais se encontram.
Fábio "Mexicano"-
Sim! Não é genial isso? Ele tem um complexo com a altura dele. É natural que em um de infinitos universos ele se torne maligno por causa disso.
Diego-
"Genial" é um ligeiro exagero, considerando que só ficamos sabendo desse complexo porque o valentão token genérico resolveu comprar briga com o moleque porque o roteiro mandou. Mas sim, ainda foi a exposição mais bem feita da esquete.
Fábio "Mexicano"-
Valentões de escola sempre compram brigas com o protagonista. Não culpe o anime por isso.
Diego-
Culpo sim, e culpo todo anime que usa desse clichê
Fábio "Mexicano"-
Clichês são seus amigos.
Eles poupam tempo. Aquele sujeito não tinha importância nenhuma, mas a gente já está acostumado com aquela situação - porque é um clichê - e com isso a exposição é mínima.
Vinicius Marino-
Que episódio divertido de Junji Ito "Collection"! [Lê conversas anteriores]. Meu Deus do céu! Parece que alguém soltou um boneco de pano aqui no hangout também!
Ok, vamos ver se eu consigo acalmar os ânimos. O Diego está reclamando que o conto não explicou direito suas coisas. E o Gato e o Fábio estão dizendo que não importa. Procede?
Diego-
Hum... é, acho que é um bom resumo da situação até aqui XD
Gato de Ulthar-
Isso mesmo.
Fábio "Mexicano"
É que o Diego não sabe assistir.
Ele viu errado.
Diego-
Se reparei? Ri alto quando mostrou a bizarrice na primeira vez, pensando "quem diabos tem um papel de parede assim?!"
Fábio "Mexicano"-
O Diego reparou tanto que até reclamou de sua aplicação no quarto.
Vinicius Marino-
Pronto, não preciso dizer mais nada! O Gato já sacou
Sim, para mim, é uma referência ao Black Lodge
Fábio "Mexicano"-
Bom, ano passado teve um anime chamado 18if que não tinha dimensões paralelas, mas tinha mundos de sonhos, e ele usava padrões quadriculados muito parecidos com o desse episódio de Junji Ito. Deixa eu achar aqui.
Vinicius Marino-
Ergo, o próprio episódio já dá uma pista de que estamos lidando com dimensões paralelas
Diego-
Mas de quando é esse episódio do seriado e de quando é o conto original do Ito?
Vinicius Marino-
Twink Peaks é de 1990
Eu ACHO que todos eles são uma referência à Alice no País das Maravilhas (outra história de uma garota indo para um mundo paralelo). O Jogo de xadrez, a Rainha de Copas, etc. Mas pode ser só achismo meu.
O ponto é que esse quadriculado meio que entrega. Entrou para o imaginário popular
Diego-
Uma referência a Alice me parece bem mais provável, francamente falando.
Fábio "Mexicano"-
Eu fiquei mesmo com uma impressão forte de já ser um imaginário comum, ainda que eu não soubesse de onde.
Diego-
Pior que o Vinicius falando de Alice me deu meio que um "clique" mesmo. Faz muito sentido, considerando o quanto de referências a Alice há nos animes. E claro, lembrando que em Alice Através do Espelho a protagonista cai em um mundo dividido em quadrados como um tabuleiro de xadrez.
Fábio "Mexicano"-
Mas nem precisa aceitar que seja uma referência. Ou mesmo aceitando que seja, não precisa achar que isso torna o episódio melhor. É um padrão que chama bastante atenção e ajuda a tornar a diferença entre as dimensões bastante óbvia. Visualmente funciona. Poderia ser qualquer outro padrão abstrato (se não for abstrato já vai evocar outros significados e pode atrapalhar mais do que ajudar).
Para ter um padrão você precisa de ao menos duas cores, se a intenção é chamar atenção tanto melhor se o contraste entre elas for alto, e o xadrez é o padrão mais simples que existe.
Diego-
Exceto que não há contraste entre dimensões. Ok, há no final da esquete, que o padrão aparece na parede quando o protagonista passa para a outra dimensão. Mas o padrão já tava ali no quarto dele, então não realmente serve como "divisor" de mundos.
Fábio "Mexicano"-
Serve no sentido de que você já está familiar com o padrão, a diferença. O que chama atenção quando ele ostensivamente muda de direção no final do episódio foi ter aparecido em outro lugar. Senão haveria o risco de apenas confundir o espectador.
Gato de Ulthar-
Essa questão pega muito na temática de múltiplos universos paralelos, levantada pelas teorias da física quântica e afins. Onde há inúmeros universos muito semelhantes ao nosso, onde há uma outra diferença, as vezes algo sútil, ou algo muito drástico, como você ter uma contraparte maligna. Há também a possibilidade de ser um universo paralelo tão diferente que a criatura dominante na Terra não necessariamente seria o ser humano.
Fábio "Mexicano"
Será que existe um universo paralelo onde bonecos de pano fazem o Souichi?
Gato de Ulthar-
É provável.
Isso me lembrou aquela série de animação recente Ricky and Morty, onde as viagens entre os universos paralelos são uma constante, assim, podemos ver várias cópias dos protagonistas, algumas muito parecidas, outras até malignas. Alguns universos paralelos são tão malucos que as cadeiras sentam em humanos e pedem telefones através de uma pizza.
Fábio "Mexicano"-
Tem universo paralelo nesse troço é? Nunca tive curiosidade de assistir, não vejo desenhos ocidentais em geral, mas vi que antes mesmo de ficar popular no Facebook, ficou popular tirar sarro de seus fãs que acham que ele é assim, tipo, um "seinen psicológico" dos cartoons.
Gato de Ulthar
Ah sim, tem uma comunidade de fãs horrível, quem vê esse desenho se acha o novo Einstein, e que teve seu QI aumentado.
Gato de Ulthar-
Acho bom a gente falar um pouco sobre a segunda esquete também né? O que falar daquilo? É basicamente uma comédia. Acho que quebrou um pouco o clima levantada pela primeira parte do episódio. Creio que teria sido melhor a produção ter optado por mais uma adaptação de um conto do sério do que o humor pastelão do Shouchi.
Mas, ao contrário do primeiro episódio, achei essa nova aventura, ou melhor, desventura, do Souchi melhor do que a primeira. Onde já se viu um adolescente ser amaldiçoado com barba?
Para alguns adultos que possuem dificuldade em desenvolver uma barba fechada, essa maldição seria uma benção .
Vinicius Marino
Eu AMEI esse conto. Foi a coisa mais nonsense, ridícula, e desnecessária que já vi na TV nos últimos tempos. E olha que assisto reality shows de vez em quando!
Fábio "Mexicano"-
Foi um conto melhor do Souichi do que o do primeiro episódio.
Vinicius Marino-
Eu estive pronto para odiar, mas quando a bunda do Souchi ficou envergonhada por vir a público, percebi que estava diante de algo diferente. Quando ele começou a levar pregadas no seu derrière no final do episódio, eu já estava gargalhando alto sozinho.
Fiquei até na vontade de um spin-off com as aventuras do Souchi. Seria o melhor pior anime de todos os tempos!
Diego-
Como disse, achei sem graça pra caramba. Mas vou concordar que foi muito melhor do que o primeiro. Quem sabe, talvez mais uns dez contos do Shouchi até o fim do anime e eu consiga rir com alguma trapalhada dele
Fábio "Mexicano"-
Eu quero ver esse conto animado
Fábio "Mexicano"-
Não sei. Acho que não, eu já sabia que ele era só um humano transformado - e uma transformação que deu errado ainda por cima.
Diego-
Também não achei a mais assustadora não. Nem se quer a mais grotesca, considerando outras até no mesmo episódio (como o valentão lá).
Fábio "Mexicano"-
Sim, concordo, nem mais assustadora nem mais grotesca, nem mesmo no episódio.
Gato de Ulthar-
Já vi que fui voto vencido é que não consegui ver muito apelo em gelecas, como o valentão e a menina transformados.
Gato de Ulthar
Então encerramos por aqui mais este Café com Anime, espero que tenham apreciado este bate-papo tanto quanto eu, e até o próximo episódio!
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